Agenda
Cântico de agradecimento oferecido à divindade por um convalescente
Até 20 de fevereiro 2022
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17h00
Evento já ocorrido
Local: Hotel Dolce Campo Real, Turcifal
Erroneamente traduzido por O Cravo Bem Temperado [visto a palavra alemã “clavier”, no título original Das wohltemperierte Clavier, ser um termo genérico para “teclado”], foi escrito por Johann Sebastian Bach em 1722, “para o proveito e uso dos jovens músicos desejosos de aprender e, especialmente, para o entretenimento daqueles já experientes com esse estudo”.
À época Kappellmeister da Corte de Anhalt-Köthen, Bach escreveu 24 conjuntos de prelúdio e fuga, correspondentes a uma das 24 tonalidades maiores e menores. Entre 1739 e 1742, retomaria o mesmo propósito formal, elaborando um 2º livro. Os 4 prelúdios do 1º livro foram adaptados para ensemble instrumental por Nuno Côrte-Real, em 2008. O VII, de intrincado contraponto floreado, com um tema que percorre as diversas vozes, con- trasta com o X, assente numa melodia sinuosamente dolente que se vai metamorfoseando. Galante, mas conciso, ao prelúdio XVII sucede-se o Prelúdio XXIII, um diálogo virtuoso entre as vozes instrumentais.
Ao mesmo tempo que concluía a Missa Solemnis (1819-23) e a 9ª Sinfonia (1822-24), Beethoven iniciou a composição de 3 quartetos de cordas (op. 127, 132 e 130) em meados de 1823, encomenda do príncipe Nikolai Galitzin, aos quais viria a acrescentar mais 2 (op. 131 e 135), genericamente conhecidos como os “últimos quartetos”, pedra angular da música de câmara da Música Ocidental.
Beethoven encontrava-se totalmente surdo e acometido de achaques crónicos, herança do tifo que contraíra em 1796, e da cirrose pós-hepática que viria a revelar-se fatal. Após uma crise aguda, no Inverno de 1824, acrescentou um Cântico de agradecimento oferecido à divindade por um convalescente, ao quarteto que estava a compor. O longuíssimo 3º andamento do Quarteto de Cordas nº 15, op. 132, que viria a ser estreado a 6 de novembro de 1825, consta de dois temas: molto adagio, devotamente solene; e andante, em jeito de romanza para violino.
J. S. Bach (1685 – 1750)
4 Prelúdios do Primeiro Livro do Cravo Bem Temperado (arr. Nuno Côrte-Real)
L. van Beethoven (1770 – 1827)
Quarteto de Cordas nº 15,em Lá menor, op. 132
Atividade Gratuita
"Nesta nova edição da Temporada Darcos, propomo-nos seguir a linha que tem norteado as temporadas anteriores: grande música, grandes intérpretes, mas procurando sempre pontos de contacto entre diferentes tradições, privilegiando o ecletismo e a inclusão. Por isso, desta vez escolhemos o lema da união pela música. Num mundo ainda muito desunido, dividido pelas políticas, pelas religiões, pelas desigualdades e pelos abomináveis racismos, cabe à arte proclamar bem alto que o único futuro sustentável é o da união.
A união pela paz, pelo amor, pelo planeta e pela liberdade. A união dos povos. Nós e os outros, duas realidades diferentes, mas na utopia que desejamos para o mundo as diferenças esbatem-se e convergem numa única realidade. É com esta convicção que a Temporada Darcos apresenta o seu projeto de fusão entre o fado e a música tradicional afegã, através da colaboração entre o Ensemble Darcos e o ANIMP (Afghan National Institute of Music), com o fadista Marco Oliveira e o guitarrista Miguel Amaral. Segundo o mentor e diretor do ANIMP, Dr. Ahmad Sarmast, dezenas de jovens estudantes afegãos fugiram ao terrível regime Talibã, viajando 6.592 quilóme-tros para poderem ter um futuro, e para que a música tradicional afegã pudesse sobreviver. Parece-nos triste e paradoxal que uma tradição milenar necessite do exílio para garantir a sua existência e preservação…
Também sob a égide da união, e visando criar pontes culturais de índole humanista, o mais ambicioso projeto da Temporada Darcos, Europa Sinfónica, será finalmente retomado (em suspenso desde 2020 devido aos anos de pandemia), com a primeira visita a Portugal da Orquestra da Ópera Estatal da Hungria, um dos mais antigos e prestigiados agrupamentos musicais europeus, e com a Orquestra da Toscana, instituição capital daquela região italiana, com sede em Florença. Estes dois programas terão como solistas os aclamados artistas portugueses António Rosado e Eduarda Melo. O ano de 2023 verá ainda nascer o projeto Folias, terceiro livro da série para coro e instrumentos, Novíssimo Cancioneiro, de Nuno Côrte-Real, desta vez inteiramente dedicado às danças portuguesas, reper-tório rico e variado que é mister revitalizar com vista a uma maior presença artística no panorama contemporâneo.
De destacar, por último, a estreia do projeto de fusão estética entre o jazz e o clássico, Nas asas do indefinido, com o Ensemble Darcos e a internacional cantora portuguesa Maria Mendes, procurando caminhos de fusão e desco-berta entre aqueles dois mundos distintos. Podíamos projetar neste último projeto musical, como exercício para as nossas próprias vidas, o caminho que a humanidade parece cada vez mais estar a necessitar: tomar o oposto, o contrário, o aparentemente inconciliável, e conciliá-los; entender as diferenças, aceitar as distinções, compreender as essências, e num desejo sincero de harmonia, conceber um horizonte onde a natureza varia do Homem possa existir pacificamente e sem mácula. Utopia, nunca te esqueceremos!" Nuno Côrte-Real
“A cultura é o grande observatório do humano” José Tolentino Mendonça (2021)
Na sua 16ª edição, a Temporada Darcos propõe um programa artístico que elege “A união pela música” como impulso e horizonte. Longe de constituir um cliché semanticamente esvaziado pela repetição, a afirmação prefigura um manifesto pelo direito a construir uma nova narrativa do futuro.
A Temporada Darcos enraíza-se num movimento cultural agregador de matriz cosmopolita que promove o encontro entre “diversidades”, aprofundando o diálogo, a cooperação e a participação cidadã. Repousa na profunda convicção de que as Artes e a Cultura – conceito poliédrico – devem assumir um papel central e não ornamental no âmago de qualquer projeto de desenvolvimento territorial. Ao longo da sua trajetória, um sistema capilarizado de relações tem sido delicadamente tecido, dirimindo distâncias entre instituições, coletivos artísticos e comunidades.
Na sua dimensão processual, a Temporada Darcos concorre para a edificação de uma ecologia de práticas colaborativas que, assentes na mutualização de experiências, conhecimentos e competências, aportam inovação e abrem caminho a diálogos fecundos materializados em projetos comuns.
Enquanto movimento fortemente comprometido com a educação, inequívoca alavanca de transformação, a Temporada Darcos tem contribuído para salvaguardar a acessibilidade a um patri-mónio artístico em permanente (re) criação e avigorar a literacia musical de uma “vasta maioria”.
A música, na sua pluralidade de expressões, é um universal de cultura, uma linguagem de convergência que nos projeta num espaço identitário partilhado. Em tempos marcados pelo desencanto, incerteza, fragmentação, dissolução e insularidade, a música, mais do que uma experiência salvática, hiperbolicamente escapista, ou de estrita e efémera fruição estética, oferece a possibilidade de pensar novas formas de habitar o mundo, de ousar outras vidas em comum." Ana Umbelino
Direção artística
Nuno Côrte-Real
Consultoria
Afonso Miranda
Projetos especiais
Vanessa Pires / Artway
Textos
José Bruto da Costa
Produção executiva
Bruna Moreira
Assistente de produção
João Barrinha
Gestão de apoios
Jorge Reis
Relações públicas e assessoria de imprensa
Débora Pereira
Contabilidade
Luís Silvestre
Imagem gráfica
Olga Moreira a partir de fotografias de Jorge Carmona
Comunicação e imagem
Câmara Municipal de Torres Vedras