Torres Vedras

Agenda

La Vida Secreta

Lançamento de CD

Até 30 de julho 2022 | 21h00

Música

Evento já ocorrido

Local: Teatro Ramos Carrión, Zamora (Espanha)

Nascido em Figueras, Catalunha, Salvador Felipe Jacinto Dalí i Domènech, marquês de Dalí de Púbol, foi o expoente máximo do Surrealismo. Gostava de dizer sobre si mesmo “A única diferença entre um louco e eu é que eu não estou louco”. Em agosto de 1929, conhece Elena Diákonova (Gala), pela mão de René Magritte e Luis Buñuel. Desse encontro nasceria uma ligação poliédrica, que precipitaria o divórcio de Gala, nesse mesmo ano, vindo ambos a casarem-se em Paris, em 1932.  Profundamente culta, Gala tornou-se não apenas na musa de Dalí mas, igual- mente, na sua marchand, conselheira, e administradora. A ligação entre ambos era de tal forma profunda que, em 1950,  o pintor afirmou “Assinando as minhas obras como Gala-Dalí, não faço mais que dar nome a uma verdade existencial, porque não existiria sem a minha gémea Gala”.

Nesta importante parceria entre o Festival Little Opera de Zamora e a Temporada Darcos, encontramos  Nuno Côrte-Real, porventura o compositor português mais prolífero no domínio da ópera. Após A Montanha e O Rapaz de Bronze (2007), Banksters (2011), Os dilemas dietéticos de uma matrioska do meio (2016) e Canção do Bandido (2018), chega La vida secreta, estreada em Leiria, em outubro de 2021. O libreto, de Martha Alonso, baseia-se no diário que Gala escreveu ao longo da vida, apenas descoberto em 2011, no castelo de Púbol (oferecido por Dalí em 1969), e publicado com o título La vida secreta. Como nos diz o compositor “esta ópera de bolso (…) serve como ponto de partida para uma transposição do  universo da sua obra aos dias de hoje, onde a digitalização das relações tomou proporções desafiantes e absurdas. Gala como a mulher que não assistiu ao  movimento #MeToo, mas… e se tivesse participado, haveria Dalí? As girafas continuariam o seu passeio exótico de pernas longas?”.

Soprano: Conchi Moyano
Voz off: Jesús Ramos

ENSEMBLE DARCOS
Violino: Lilia Donkova
Viola: Reyes Gallardo
Violoncelo: Filipe Quaresma
Saxofone: Rodrigo Lima
Piano: Hélder Marques

Música e direção musical: Nuno Côrte-Real
Libreto: Martha Asunción Alonso
Encenação: Carlos Antunes


Atividade Gratuita


"Nesta nova edição da Temporada Darcos, propomo-nos seguir a linha que tem norteado as temporadas anteriores: grande música, grandes intérpretes, mas procurando sempre pontos de contacto entre diferentes tradições, privilegiando o ecletismo e a inclusão. Por isso, desta vez escolhemos o lema da união pela música. Num mundo ainda muito desunido, dividido pelas políticas, pelas religiões, pelas desigualdades e pelos abomináveis racismos, cabe à arte proclamar bem alto que o único futuro sustentável é o da união.

A união pela paz, pelo amor, pelo planeta e pela liberdade. A união dos povos. Nós e os outros, duas realidades diferentes, mas na utopia que desejamos para o mundo as diferenças esbatem-se e convergem numa única realidade. É com esta convicção que a Temporada Darcos apresenta o seu projeto de fusão entre o fado e a música tradicional afegã, através da colaboração entre o Ensemble Darcos e o ANIMP (Afghan National Institute of Music), com o fadista Marco Oliveira e o guitarrista Miguel Amaral. Segundo o mentor e diretor do ANIMP, Dr. Ahmad Sarmast, dezenas de jovens estudantes afegãos fugiram ao terrível regime Talibã, viajando 6.592 quilóme-tros para poderem ter um futuro, e para que a música tradicional afegã pudesse sobreviver. Parece-nos triste e paradoxal que uma tradição milenar necessite do exílio para garantir a sua existência e preservação…

Também sob a égide da união, e visando criar pontes culturais de índole humanista, o mais ambicioso projeto da Temporada Darcos, Europa Sinfónica, será finalmente retomado (em suspenso desde 2020 devido aos anos de pandemia), com a primeira visita a Portugal da Orquestra da Ópera Estatal da Hungria, um dos mais antigos e prestigiados agrupamentos musicais europeus, e com a Orquestra da Toscana, instituição capital daquela região italiana, com sede em Florença. Estes dois programas terão como solistas os aclamados artistas portugueses António Rosado e Eduarda Melo. O ano de 2023 verá ainda nascer o projeto Folias, terceiro livro da série para coro e instrumentos, Novíssimo Cancioneiro, de Nuno Côrte-Real, desta vez inteiramente dedicado às danças portuguesas, reper-tório rico e variado que é mister revitalizar com vista a uma maior presença artística no panorama contemporâneo.

De destacar, por último, a estreia do projeto de fusão estética entre o jazz e o clássico, Nas asas do indefinido, com o Ensemble Darcos e a internacional cantora portuguesa Maria Mendes, procurando caminhos de fusão e desco-berta entre aqueles dois mundos distintos. Podíamos projetar neste último projeto musical, como exercício para as nossas próprias vidas, o caminho que a humanidade parece cada vez mais estar a necessitar: tomar o oposto, o contrário, o aparentemente inconciliável, e conciliá-los; entender as diferenças, aceitar as distinções, compreender as essências, e num desejo sincero de harmonia, conceber um horizonte onde a natureza varia do Homem possa existir pacificamente e sem mácula. Utopia, nunca te esqueceremos!" Nuno Côrte-Real

“A cultura é o grande observatório do humano” José Tolentino Mendonça (2021)

Na sua 16ª edição, a Temporada Darcos propõe um programa artístico que elege “A união pela música” como impulso e horizonte. Longe de constituir um cliché semanticamente esvaziado pela repetição, a afirmação prefigura um manifesto pelo direito a construir uma nova narrativa do futuro.

A Temporada Darcos enraíza-se num movimento cultural agregador de matriz cosmopolita que promove o encontro entre “diversidades”, aprofundando o diálogo, a cooperação e a participação cidadã. Repousa na profunda convicção de que as Artes e a Cultura – conceito poliédrico – devem assumir um papel central e não ornamental no âmago de qualquer projeto de desenvolvimento territorial. Ao longo da sua trajetória, um sistema capilarizado de relações tem sido delicadamente tecido, dirimindo distâncias entre instituições, coletivos artísticos e comunidades.

Na sua dimensão processual, a Temporada Darcos concorre para a edificação de uma ecologia de práticas colaborativas que, assentes na mutualização de experiências, conhecimentos e competências, aportam inovação e abrem caminho a diálogos fecundos materializados em projetos comuns.
Enquanto movimento fortemente comprometido com a educação, inequívoca alavanca de transformação, a Temporada Darcos tem contribuído para salvaguardar a acessibilidade a um patri-mónio artístico em permanente (re) criação e avigorar a literacia musical de uma “vasta maioria”.

A música, na sua pluralidade de expressões, é um universal de cultura, uma linguagem de convergência que nos projeta num espaço identitário partilhado. Em tempos marcados pelo desencanto, incerteza, fragmentação, dissolução e insularidade, a música, mais do que uma experiência salvática, hiperbolicamente escapista, ou de estrita e efémera fruição estética, oferece a possibilidade de pensar novas formas de habitar o mundo, de ousar outras vidas em comum." Ana Umbelino

Direção artística
Nuno Côrte-Real

Consultoria
Afonso Miranda

Projetos especiais
Vanessa Pires / Artway

Textos
José Bruto da Costa

Produção executiva
Bruna Moreira

Assistente de produção
João Barrinha

Gestão de apoios
Jorge Reis

Relações públicas e assessoria de imprensa
Débora Pereira

Contabilidade
Luís Silvestre


Imagem gráfica
Olga Moreira a partir de fotografias de Jorge Carmona


Comunicação e imagem
Câmara Municipal de Torres Vedras

Última atualização: 06.07.2022 - 15:27 horas
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