Torres Vedras

Agenda

Sinfonia Titã

Gustav Mahler

Até 24 de junho 2022 | 21h30

Música

Evento já ocorrido

Local: Picadeiro Real do Museu dos Coches, Lisboa
Destinatários: M/6

Profundamente inovadora, os primeiros esboços desta monumental sinfonia datam de 1883, ao mesmo tempo que Mahler escrevia o ciclo Canções de um companheiro viajante, incorporando a 2a canção como tema principal do I anda- mento e a secção final da 4a canção no III andamento. Completada entre finais de 1887 e março de 1888, viria a ganhar o subtítulo de Titã em 1893, pela mão do compositor. Densa na concepção, complexa nos conteúdos narrativos, emocionalmente extremada, da simplicidade do quotidiano à transcendência onírica, esta sinfonia parece querer despertar no ouvinte o inconsciente invisível.

A “Primavera sem fim”, nas palavras de Mahler, o I Andamento, Devagar, arrastando-se: Como sons da Natureza – Sempre muito devagar, começa com uma longa introdução. Do silêncio nasce o som, o sol desponta no horizonte pontuada pelo chilrear dos pássaros, fanfarras ao longe e o restolhar das folhas à brisa matinal. Segue-se uma esfuziante melodia. O II andamento, Vigorosamente agitado, mas não muito rápido – Bem devagar, invoca os ländler (dança que estaria na origem da valsa), em jeito de idílio amoroso. Segue-se uma desconcertante marcha fúnebre, com a citação da melodia infantil Frére Jacques. A longa indicação de andamento, Solene e compassado, sem se arras- tar — Muito simples e direto à maneira popular — Algo mais forte, tal como no início, não deixa antever os breves episódios de música judaica e a autocitação da canção cujo texto original diz “(...) Quando ainda não sabia como a vida dói / Era tudo, tudo ainda bom! / Tudo! Tudo! Amor e dor! E mundo e sonho!” Descrito por Mahler como “do inferno ao paraíso”, o último andamento, Tempestuoso, comovido – Enérgico, navega de uma tonitruante explosão até à fanfarra final, todas as tensões criadas são finalmente resolvidas!

 

Programa

G. Mahler (1860 – 1911)

Sinfonia no 1 (arr. para ensemble de K. Simon)
I. Langsam, schleppend - Immer sehr gemächlich
II. Kräftig bewegt, doch nicht zu schnell - Recht gemächlich
III. Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen - Sehr einfach und schlicht wie eine Volksweise
IV. Stürmisch bewegt - Energisch


Direção musical: Nuno Côrte-Real
ENSEMBLE DARCOS


Atividade Gratuita


"Nesta nova edição da Temporada Darcos, propomo-nos seguir a linha que tem norteado as temporadas anteriores: grande música, grandes intérpretes, mas procurando sempre pontos de contacto entre diferentes tradições, privilegiando o ecletismo e a inclusão. Por isso, desta vez escolhemos o lema da união pela música. Num mundo ainda muito desunido, dividido pelas políticas, pelas religiões, pelas desigualdades e pelos abomináveis racismos, cabe à arte proclamar bem alto que o único futuro sustentável é o da união.

A união pela paz, pelo amor, pelo planeta e pela liberdade. A união dos povos. Nós e os outros, duas realidades diferentes, mas na utopia que desejamos para o mundo as diferenças esbatem-se e convergem numa única realidade. É com esta convicção que a Temporada Darcos apresenta o seu projeto de fusão entre o fado e a música tradicional afegã, através da colaboração entre o Ensemble Darcos e o ANIMP (Afghan National Institute of Music), com o fadista Marco Oliveira e o guitarrista Miguel Amaral. Segundo o mentor e diretor do ANIMP, Dr. Ahmad Sarmast, dezenas de jovens estudantes afegãos fugiram ao terrível regime Talibã, viajando 6.592 quilóme-tros para poderem ter um futuro, e para que a música tradicional afegã pudesse sobreviver. Parece-nos triste e paradoxal que uma tradição milenar necessite do exílio para garantir a sua existência e preservação…

Também sob a égide da união, e visando criar pontes culturais de índole humanista, o mais ambicioso projeto da Temporada Darcos, Europa Sinfónica, será finalmente retomado (em suspenso desde 2020 devido aos anos de pandemia), com a primeira visita a Portugal da Orquestra da Ópera Estatal da Hungria, um dos mais antigos e prestigiados agrupamentos musicais europeus, e com a Orquestra da Toscana, instituição capital daquela região italiana, com sede em Florença. Estes dois programas terão como solistas os aclamados artistas portugueses António Rosado e Eduarda Melo. O ano de 2023 verá ainda nascer o projeto Folias, terceiro livro da série para coro e instrumentos, Novíssimo Cancioneiro, de Nuno Côrte-Real, desta vez inteiramente dedicado às danças portuguesas, reper-tório rico e variado que é mister revitalizar com vista a uma maior presença artística no panorama contemporâneo.

De destacar, por último, a estreia do projeto de fusão estética entre o jazz e o clássico, Nas asas do indefinido, com o Ensemble Darcos e a internacional cantora portuguesa Maria Mendes, procurando caminhos de fusão e desco-berta entre aqueles dois mundos distintos. Podíamos projetar neste último projeto musical, como exercício para as nossas próprias vidas, o caminho que a humanidade parece cada vez mais estar a necessitar: tomar o oposto, o contrário, o aparentemente inconciliável, e conciliá-los; entender as diferenças, aceitar as distinções, compreender as essências, e num desejo sincero de harmonia, conceber um horizonte onde a natureza varia do Homem possa existir pacificamente e sem mácula. Utopia, nunca te esqueceremos!" Nuno Côrte-Real

“A cultura é o grande observatório do humano” José Tolentino Mendonça (2021)

Na sua 16ª edição, a Temporada Darcos propõe um programa artístico que elege “A união pela música” como impulso e horizonte. Longe de constituir um cliché semanticamente esvaziado pela repetição, a afirmação prefigura um manifesto pelo direito a construir uma nova narrativa do futuro.

A Temporada Darcos enraíza-se num movimento cultural agregador de matriz cosmopolita que promove o encontro entre “diversidades”, aprofundando o diálogo, a cooperação e a participação cidadã. Repousa na profunda convicção de que as Artes e a Cultura – conceito poliédrico – devem assumir um papel central e não ornamental no âmago de qualquer projeto de desenvolvimento territorial. Ao longo da sua trajetória, um sistema capilarizado de relações tem sido delicadamente tecido, dirimindo distâncias entre instituições, coletivos artísticos e comunidades.

Na sua dimensão processual, a Temporada Darcos concorre para a edificação de uma ecologia de práticas colaborativas que, assentes na mutualização de experiências, conhecimentos e competências, aportam inovação e abrem caminho a diálogos fecundos materializados em projetos comuns.
Enquanto movimento fortemente comprometido com a educação, inequívoca alavanca de transformação, a Temporada Darcos tem contribuído para salvaguardar a acessibilidade a um patri-mónio artístico em permanente (re) criação e avigorar a literacia musical de uma “vasta maioria”.

A música, na sua pluralidade de expressões, é um universal de cultura, uma linguagem de convergência que nos projeta num espaço identitário partilhado. Em tempos marcados pelo desencanto, incerteza, fragmentação, dissolução e insularidade, a música, mais do que uma experiência salvática, hiperbolicamente escapista, ou de estrita e efémera fruição estética, oferece a possibilidade de pensar novas formas de habitar o mundo, de ousar outras vidas em comum." Ana Umbelino

Direção artística
Nuno Côrte-Real

Consultoria
Afonso Miranda

Projetos especiais
Vanessa Pires / Artway

Textos
José Bruto da Costa

Produção executiva
Bruna Moreira

Assistente de produção
João Barrinha

Gestão de apoios
Jorge Reis

Relações públicas e assessoria de imprensa
Débora Pereira

Contabilidade
Luís Silvestre


Imagem gráfica
Olga Moreira a partir de fotografias de Jorge Carmona


Comunicação e imagem
Câmara Municipal de Torres Vedras

Última atualização: 15.06.2022 - 18:14 horas
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