Torres Vedras

Estrada Nacional 8 = E.N. 8

01.07.2015

Com a implantação da República, a antiga designação de ‘Estrada Real’ foi substituída pela designação de ‘Estrada Nacional’. Não se trata, porém, da primeira classificação das estradas, cuja primeira referência data de 1790.

Em 1913, o Governo classificava as estradas de 1.ª ordem (nacionais) e de 2.ª ordem (distritais), criando uma comissão para a elaboração de um novo plano de estradas, nacionais e municipais, assim como os caminhos públicos, isto é as vias rurais de interesse municipal.

Em 1926, publicou-se novo plano, inscrevendo a estrada entre Porto (Circunvalação) e Lisboa (Carriche), que atravessava o centro da vila de Torres Vedras, então designada Estrada Nacional N.º 10, uma via de 1.ª classe. Entretanto, com a criação da Junta Autónoma de Estradas, surgiu uma nova classificação das estradas nacionais, de primeira e segunda classes, em 1933. As estradas de 1ª classe constituiriam a malha principal da rede, ligando Lisboa às capitais de distrito e estas entre si e outros locais de importância nacional.

Em 1945, um novo Plano Rodoviário Nacional voltaria a atribuir nova classificação às estradas nacionais, em função da sua importância económica, assim como das suas características técnicas, designadamente a inclinação e os raios de curvatura, que deveriam permitir, neste caso, em condições de segurança, alcançar a velocidade de 80 km/h nas estradas de 1.ª classe.

Condições técnicas que exigiam um contínuo melhoramento, retirando-lhe inclinações e curvas, como aconteceu em Torres Vedras, aquando da construção da moderna Rua Doutor Ricardo Belo em 1988, ou, no Turcifal, deixando o trânsito da Estrada Nacional de atravessar o lugar. O mesmo destino que teria a E.N. 8 no troço das ruas Santos Bernardes e Dias Neiva, esta hoje 25 de Abril e Dias Neiva, em Torres Vedras, perdendo, naquele caso, o trânsito num sentido e, mais tarde, nos dois sentidos, sendo desviado para a Avenida Cinco de Outubro.

A numeração das estradas de 1.ª classe fez-se de 1 a 200, reservando-se a primeira centena para os itinerários principais e a segunda para os restantes itinerários, começando a numeração das estradas nacionais de 2.ª classe em 201, e as de 3.ª classe em 301. As Estradas Nacionais de 1.ª classe estabeleciam ligações entre os centros urbanos mais importantes e as capitais de distrito. No conjunto das estradas de 1.ª classe, os números 1 a 18 foram reservados para os itinerários principais, correspondendo às estradas que ligavam as capitais de distrito entre si e as estradas com origens nas cidades de Lisboa e Porto.

Alterava-se, também, a numeração das estradas, passando parte do itinerário da antiga Estrada Nacional N.º 10 – Lisboa-Alcobaça a designar-se Estrada Nacional N.º 8 – com o percurso Lisboa-Loures-Torres Vedras-Caldas da Rainha-Alcobaça. Uma Estrada Nacional de 1.ª classe, tratando-se de um itinerário principal, isto é de maior interesse nacional. Em 1973, classificou-se o troço Alcobaça-Aljubarrota-Cumeira-Cruz da Légua, integrando a E.N.8 e, em 1984, desclassificou-se o troço entre Olival Basto e Frielas/Santo António dos Cavaleiros, passando este a designar parte da futura A8, explicando a atual ligação da Estrada Nacional 8 a Chão da Feira (IC2-IC).

Os diferentes planos rodoviários alteraram a fisionomia do país, incrementando o tráfego de passageiros e mercadorias e promovendo o escoamento de produtos agrícolas e industriais das regiões.

Na Estrada Nacional 8, entre a Malveira e Torres Vedras, ao longo de 27 km, e depois pela Estrada Nacional 9 até à Coutada, corria diariamente Carlos Lopes. Esta era também a sua Estrada, pela qual entrava na cidade, a sua Avenida, que conheceu em passadas largas repetidas quotidianamente, o seu espaço de treinos, que o elevariam à condição de herói nacional depois de percorrer os 42.195 m. na Maratona de Los Angeles. O caminho longo que o consagraria campeão olímpico, testemunhando que também pela E.N. 8 se pode chegar a Los Angeles em 1.º lugar!


Carlos Guardado da Silva

Última atualização: 26.09.2019 - 16:10 horas
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