Torres Vedras

Joana Monteiro

22.05.2019

A Oeste Infantil é uma grande festa onde os mais pequenos podem brincar, num mundo totalmente criado à sua medida.

A iniciativa, por onde passam milhares de crianças todos os anos, resulta do trabalho da Câmara Municipal de Torres Vedras com as escolas da rede pública, solidária, particular e profissional do concelho.

No ano em que a Oeste Infantil celebra 30 edições, a comunidade educativa partilhou a sua visão sobre a Grande Festa da Criança. Ao todo, são dez entrevistas que refletem o envolvimento de profissionais de educação na Oeste Infantil e que espelham a importância de um evento onde se pode “aprender a brincar” e “brincar a aprender”.

Na primeira entrevista falámos com Joana Monteiro, técnica da Câmara Municipal de Torres Vedras e uma das responsáveis pela organização da Oeste Infantil.

Tem memórias de viver a Oeste Infantil enquanto criança?

Desde sempre me recordo, não só de visitar enquanto criança. Lembro-me perfeitamente das experiências que tive, dos stands onde estive, daquilo que trazia para casa. Depois também passei por outro papel, outra função, trabalhei num stand a participar enquanto professora. Hoje em dia tenho este terceiro papel, que é a organização deste evento.

 

Como se processa o trabalho em torno da Oeste Infantil?

Para já, com muito tempo de antecedência. Ou direi, se calhar até, que nunca termina. Portanto, é cíclico, mas nunca chega a terminar, porque terminamos um evento a preparar já o próximo. Sobretudo com a avaliação que é isso que nos faz pensar ou repensar no evento do ano seguinte. E a partir daí são meses, estes meses todos a fio, a trabalhar para que se construa esta festa, que é organização da Câmara, mas com centenas de colaboradores, centenas de pessoas que fazem o evento acontecer.

 

De que forma se gere o trabalho com todas as entidades envolvidas?

É interessantíssimo, mas tem de ser um trabalho de grande proximidade. É estar presente desde o primeiro contacto, desde uma primeira reunião. Nos meses seguintes vai-se mantendo este contacto, esta ligação com as entidades, em que se vai dando algumas indicações de como devem proceder.

 

Qual é o maior desafio?

O desafio é mesmo o processo, porque além de ser longo, envolve muita gente e pensar em muita coisa. Envolve muitas equipas também da Câmara Municipal, com quem temos de nos articular para que o trabalho se vá gradualmente desenvolvendo e para que no final aconteça como foi pensado no início. Isso nem sempre é fácil, porque falamos de muitas pessoas, mas tem-se conseguido. Mesmo com a colaboração, sobretudo das escolas, tem se conseguido e temos mantido a Grande Festa da Criança como ela é: a Grande Festa.

 

Como é que se procura dar resposta aos milhares de crianças, tão diferentes entre si, que passam pelo evento?

São crianças e aquilo que nós queremos e que serve para todas é proporcionar momentos de brincadeira, de felicidade. E é isto que nós queremos dar e cada vez mais trabalhamos neste sentido. Portanto, não é difícil agradar a muitas mil crianças. Durante a semana são cerca de seis mil e no sábado - este ano até é o Dia Mundial da Criança – que é o dia das famílias, são “outras tantas”. Não é difícil. Porque elas estão a brincar e têm diversas atividades para explorar, têm muitas, muitas ofertas e não é de todo difícil proporcionar esses momentos.

 

É mais importante manter o “tronco comum” às 30 edições da Oeste Infantil ou procurar inovação?

Sinceramente, eu acho que é manter. Não quer dizer que não se procure inovar, claro, mas [há-que] manter aquilo que é. Porque este evento tem uma alma, este evento tem, de facto, esse “tronco” que se mantém ao longo destes anos. E é isso que diferencia este evento de qualquer outro. Porque é uma festa organizada por pessoas voluntárias, que se voluntariam e que estão neste evento de forma voluntária. É um evento gratuito, feito um bocado de forma “caseira”, mas com todo o trabalho das escolas e das crianças.

 

Qual é o grande objetivo da edição deste ano?

Este ano quisemos marcar esta edição como uma edição especial. Trazer à memória de todas as pessoas que hoje em dia participam, ainda, na Oeste Infantil, tudo aquilo que se passou e que se viveu em anos anteriores, desde o início até aos dias de hoje. Daí o tema deste ano “É tudo a brincar, mas tem tudo o que o mundo tem.” Trata-se de um tema escolhido por nós mas que não foi pensado por nós, porque foi uma frase dita por uma menina de quatro anos em 1990, a Raquel. E esta frase diz tudo. É aquilo que se pretende, é aquilo que a Oeste Infantil é e é aquilo que as crianças vêm e sentem. É tudo a brincar, mas tem as coisas “a sério”, as coisas dos adultos.

 

Qual é o impacto deste evento na comunidade escolar, concretamente, no crescimento e desenvolvimento das crianças?

Em relação às instituições eu penso que seja um momento de partilha. Sobretudo na fase de preparação e nas montagens, é um momento em que pessoas que muitas vezes não se encontram, partilham ideias entre si, materiais, escadotes ou o que seja. Há ali umas interações engraçadas. Depois os estagiários, os alunos que estão nos stands, também conhecem diferentes instituições, aprendem formas diferentes de trabalhar. Para as crianças, acredito que no futuro, passados uns anos, se recordem daquela festa que Torres Vedras fazia ou que havia no Dia Mundial da Criança, porque geralmente tentamos sempre que este dia seja celebrado durante este evento.

 

É essa a chave para o sucesso?

Eu espero que isto seja o suficiente para continuar a ter as pessoas envolvidas, por muito difícil que por vezes seja. E eu percebo, percebo o cansaço de muitas pessoas, porque é natural. Mas no final, no final de tudo, percebe-se que realmente aquilo fez sentido. E aquilo faz sentido.

Última atualização: 24.05.2019 - 09:50 horas
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