Torres Vedras

Margarida Feliciano

28.05.2019

Começa hoje a Oeste Infantil, a grande festa onde os mais pequenos podem brincar num mundo totalmente criado à sua medida.

No ano em que a Oeste Infantil celebra 30 edições, a comunidade educativa partilhou a sua visão sobre a Grande Festa da Criança.

Nesta quinta entrevista falámos com Margarida Feliciano, membro do grupo de coordenação pedagógica da Escola Profissional Agrícola Fernando Barros Leal.

 

Como é que um professor vive a Oeste Infantil?

Vive com entusiasmo, com interesse, com expectativa. A tentar ver qual é que será o melhor projeto, como é que vamos envolver os nossos alunos, como é que vamos surpreender as crianças… Como é que nos vamos realizar “um bocadinho” com aquela proposta.

 

Qual é a importância da Oeste Infantil para a comunidade escolar?

Como professora, ao longo dos anos fui refletindo sobre o evento e acho que é uma oportunidade pedagógica muito interessante. É uma oportunidade para percebermos que alguns alunos que na escola até são apagados, não nos dão muita coisa, mas quando lhes passamos responsabilidade “faça-me estas letras, tem seis metros”, “construa-me aí uma colmeia, acha que consegue?”, eles depois revelam-se. Sinceramente, os contributos dos alunos que preparam os stands têm sido mesmo surpreendentes. E também os próprios professores, entre nós, um dá uma coisa, outro dá outra. Vamos todos dando pequenos “bocadinhos” daquilo que define a Oeste Infantil como uma coisa generosa. Damos porque vamos fazer crianças felizes.

 

Este evento tem impacto no crescimento e desenvolvimento das crianças e dos jovens?

Nos meus alunos, que não são propriamente os destinatários, sim. Aqueles que têm mais aptidão para construir ou para envolver as crianças nas atividades… Para eles é inesquecível, valorizam muito. Querem sempre o seu diploma, perguntam se para o ano podem ir. Tenho muito bom feedback.

 

Como começou o seu envolvimento com a Oeste Infantil?

Começou aqui na escola, no primeiro ano, em 1997/1998. A escola sempre valorizou. Nessa altura eu não sabia bem o que era, mas percebi que a escola queria que participássemos e que participássemos bem. Então fizemos uma reunião para saber o que é que se fazia, o que é que não se fazia, e decidimos que íamos oferecer peixinhos de aquário. Aquilo foi uma loucura. Eu adorei. Quando vi aquilo, entrei lá e disse: “Fizeram isto tudo para os miúdos? Tudo isto para eles brincarem?” E aquilo realmente correu bem, os nossos alunos gostavam de ir, os mais pequeninos achavam muita piada. Nós conversávamos com os mais pequenos…. Correu bem e a partir daí comecei sempre a gostar e participei sempre, de uma maneira ou de outra.

 

Como vê a evolução da Oeste Infantil ao longo destes anos?

Acho que o evento tem tido altos e baixos. No princípio parece que eram “todos ao molho”, faziam um frufru desgraçado. Mas era um barulho muito positivo. Sentíamos que eles estavam mesmo a gostar daquilo. Depois houve uma altura em que parecia que já não iam tantos, que as pessoas já não estavam a aderir tanto. E agora acho que está outra vez a retomar. Porque mesmo que as pessoas que lá estão já o tenham feito muitas vezes, os pequeninos têm “vidas curtinhas”, nunca viram aquilo. Então isso mobiliza-nos para voltar a fazer o melhor para eles.

 

De que forma a Oeste Infantil se tem adaptado às diferentes gerações de crianças?

Acho que se está a adaptar. Está diferente. Mas as pessoas que vão construindo também vão sendo um pouco mais novas, vão tendo outras ideias, vão dinamizando outras coisas. Mantém-se aquela linha, acho eu, de colaboração e de contribuição para o desenvolvimento dos mais pequenos. Mas as pessoas que contribuem têm visões diferentes da vida, já têm propostas um pouco diferentes.

 

De que forma a Escola Profissional Agrícola Fernando Barros Leal participa na Oeste Infantil?

Nós participamos sempre com muita vontade, vontade de surpreender, vontade de fazer qualquer coisa que valha a pena. Tentamos sempre puxar a nossa identidade, a identidade ligada à agricultura, à terra, aos animais. Nem sempre acontece, mas tentamos levar uma “marquinha” do universo que representamos.

 

O que pode contar sobre a vossa participação na edição deste ano?

Para festejar as 30 edições [da Oeste Infantil], que também são os 30 anos da Escola Agrícola, pensámos em fazer a Quinta da Fonte. Porque este terreno onde estamos chama-se Casal da Fonte Portela ou Quinta da Fonte Portela. Então [queremos] fazer um paralelismo com a nossa morada e com aquilo que é uma quinta do século XXI, mas com aquele encanto dos animais, das plantas.

 

Como vê a Oeste Infantil no futuro?

Vejo a continuar. Não vejo este evento a acabar. Vejo outros adultos, que já estiveram na Oeste Infantil enquanto miúdos, a querer proporcionar aquela experiência aos filhos, aos alunos, aos primos. Eu sinto que é motivo de orgulho. E eu acho que as pessoas continuam a valorizar isso. Portanto eu penso que não há problema, que eles vão receber aquela experiência boa e vão tentar reproduzi-la para os outros. Mais personalizada, com os seus contributos pessoais, mas na mesma com a “ideia de dar”.

Publicado: 29.05.2019 - 19:53 horas
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