Torres Vedras

"O Futuro das Cidades, as Cidades do Futuro"

18.11.2013

A Câmara Municipal de Torres Vedras participou no passado dia 31 de outubro no workshop dedicado ao tema “O Futuro das Cidades, as Cidades do Futuro – Desafios e oportunidades para projetos urbanos inovadores no contexto Latino – Ibero Americano”, integrado no XV Congresso Latino – Ibero Americano de Gestão de Tecnologia – ALTEC 2013, que decorreu este ano na cidade do Porto e que juntou dezenas de especialistas, investigadores e professores de instituições de renome.

Pretendeu-se, segundo a organização do workshop a cargo do Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento, do Instituto Superior Técnico de Lisboa, “o debate a nível internacional sobre a modernização das cidades e a identificação de soluções”.

Diversos exemplos de trabalhos de investigação e inclusive exemplos práticos como os “Sensores urbanos” e os protótipos de sensores para humanos,  destacaram-se nesta iniciativa. Contudo, foi nas questões filosóficas e de sociologia quase pura que o debate aqueceu com as visões do outro lado do atlântico relacionadas com a vida nas cidades e a humanização das mesmas.

“Para termos cidades inteligentes temos de ter pessoas inteligentes, cidadãos plenamente integrados e a contribuir”, referia Carlos Vainer, responsável do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional na Universidade Federal do Rio de Janeiro, que lançou algumas contribuições para o debate utilizando “as utopias” históricas e ancestrais das aglomerações humanas, da vida em sociedade, no fundo, das cidades. Vainer, teme que a “Polis tenha sucumbido à City”, ou seja, “a cidade do negócio suplantou e tomou o lugar da cidade do pensamento, a cidade da política”, referindo-se aos vários exemplos que estão à vista de todos, onde há frações sociais e onde a cidade mal consegue respirar.“

Uma outra visão polémica foi transmitida por outro brasileiro, arquiteto, biólogo e estudioso do tema das Smart Cities. José Luis Moutinho, considera que “apenas mudam os nomes, isto é a mesma coisa das Cidades Digitais de há vinte anos atrás”, refere. “E que resultados tiveram essas opções das grandes multinacionais que inundaram as cidades com tecnologia e parangonas?”, questiona. Moutinho, referiu no workshop que “devemos devolver as cidades aos cidadãos” mas não através da pomposidade do “Sensing City” ou de outra moda “qualquer”. O caminho, segundo o investigador, está na criação de redes humanas, na transmissão do conhecimento e na assimilação natural e evolutiva de sistemas que melhoram a vida dos cidadãos mantendo a sua identidade humana.

Antes de Moutinho e Vainer, tinha intervindo Jean Barroca do Banco Mundial. Barroca enalteceu as virtudes da tecnologia e chamou a atenção de que mesmo os grandes “players” universais e interventivos como o Banco Mundial “estão a mudar o paradigma para casar a tecnologia com a humanidade de uma forma que resulte para todos”, referiu.

Catarina Selada, da INTELI, a Associação que está a dinamizar a Rede de Cidades Digitais em Portugal, recordou também na sua intervenção que ao nível da União Europeia está a ser dada prioridade a todas estas questões, revelando que estão em cima da mesa programas europeus especificamente para esta área no valor de 200 milhões de euros. O evento terminou com o CEO da “By”, Pedro Janela, um empreendedor de sucesso a garantir que não há tecnologia sem o homem e alertou para a “extinção praticamente confirmada dos empregos rotineiros” no mundo ocidental que passaram a ser executados por robôs ou pelos países com mão-de-obra competitiva.

Última atualização: 05.05.2020 - 19:03 horas
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