Comissão Social Interfreguesias do Litoral do concelho de Torres Vedras
27.09.2023
A Comissão Social Interfreguesias do Litoral do concelho de Torres Vedras é constituída por 24 entidades das freguesias de Ponte do Rol, Ramalhal, São Pedro da Cadeira, Silveira e União das Freguesias de A dos Cunhados e Maceira.
Esta é uma das três Comissões Sociais da Rede Social de Torres Vedras que contribuem para que os problemas sejam resolvidos em proximidade com as populações.
Assumindo-se como órgãos dinamizadores do desenvolvimento social local e da erradicação da pobreza e exclusão social, os seus objetivos passam por incentivar redes de apoio local, promover a articulação entre entidades, desenvolver estratégias de intervenção articuladas e fortalecer as relações de parceria e cooperação.
No passado mês de dezembro, esta comissão promoveu quatro concertos solidários, aliando a música em espaços religiosos à recolha de bens alimentares para famílias carenciadas.
Neste artigo, conheça os testemunhos de cinco membros da Comissão Social Interfreguesias do Litoral do concelho de Torres Vedras, cujo Grupo Executivo é atualmente presidido pela Junta de Freguesia da União das Freguesias de A dos Cunhados e Maceira.
Nuno Cosme | Presidente da Junta de Freguesia da União das Freguesias de A dos Cunhados e Maceira
“Já faço parte desta Comissão há cinco anos. O balanço é muito positivo, cada vez mais temos o apoio de todas forças vivas do litoral, da parte da educação, segurança, empresas privadas, associações e IPSS. E todos em conjunto temos feito um trabalho muito bom em prol de quem realmente necessita de nós e nos bate à porta (…)
Quando falamos na Comissão Social, pensamos sempre naquilo que nós podemos prestar em prol do outro: comida, alimentação, mas é muito mais além disso. O transporte de pessoas à vacinação, aos serviços prestados em Torres Vedras, tudo isso é feito pela Comissão.
E nesse aspeto, é muito, muito, muito positivo trabalharmos em rede. Porque efetivamente estas freguesias, pela sua união e proximidade, faz todo o sentido e é de continuar (…)
Faz todo o sentido continuar com estas ações, porque levámos recentemente um murro no estômago, não estávamos a contar com estes dois anos pandémicos. E entrámos num que também estamos completamente às escuras. Temos de estar cá, de braços abertos a quem foi obrigado, numa forma de sobrevivência, a estar cá.”
Marlene Fernandes | Centro Social Paroquial Nossa Senhora da Luz
“Penso que tem sido um trabalho muito proveitoso. A instituição faz parte, neste momento, do núcleo executivo da Rede Social.
E em termos do trabalho a nível de Comissão, é um trabalho um bocadinho mais parcelado, mais individualizado no nosso próprio território. Isto acaba por ser uma grande mais-valia, porque além de sermos um grupo de trabalho que elabora um plano de ação e desenvolve atividades em prol da nossa própria comunidade, acabamos por ser um grupo de trabalho, de partilha, de debate e muitas vezes também de recursos.
Se surge alguma necessidade de alguma pessoa com alguma vulnerabilidade, acabamos por nos articular todos e muitas vezes até partilhamos recursos para ajudar essa pessoa.
Eu acho que é muito bom sentirmos que estamos a trabalhar em prol da nossa própria comunidade. Acho que é muito gratificante.”
Luís Pedro Silva | Presidente da Junta de Freguesia de Silveira
“Há perto de oito anos que fazemos parte da Comissão Social (…) Temos conseguido partilhar e incentivar o apoio material e na área psicológica. A nossa ação no terreno acaba por dar um apoio muito forte, quer às entidades que estão mais no terreno, quer às pessoas mesmo carenciadas de que vamos tendo conhecimento na nossa relação do dia a dia.
As juntas de freguesia têm um papel muito importante no meio disto tudo, porque acabamos por ser a alavanca e a locomotiva das outras entidades. Mas sem dúvida que essas entidades nos têm ajudado muito e sido uma mais-valia excelente, incluindo na altura da COVID-19. (…)
Temos funcionado extremamente bem na questão do apoio em termos de bens materiais, quer de alimentação, quer de montagem de mobiliário na casa das pessoas. Como a reutilização de mobiliário que a maior parte das pessoas deita fora e que nós aproveitamos para resolver problemas momentâneos em que é preciso uma cama, um colchão, um fogão.
Para além disso, penso que os voluntários têm sido muito importantes. Porque estas comissões sociais acabam por viver muito do voluntariado. Daí termos realizado os almoços comemorativos do Dia do Voluntário, são experiências muito interessantes onde os voluntários acabam por se conhecer.
Por outro lado, é cada vez mais importante realçar as forças de segurança que temos connosco. A GNR tem sido uma mais-valia na interação e na participação de casos que às vezes não nos chegam.”
Rita Conceição | ASAS de Ponte do Rol
“O balanço é bastante positivo. Nós ajudamos no encontro de soluções para alguns problemas que existem tanto na comunidade, como a nível concelhio. Nestes últimos anos, apesar de a pandemia ter parado estes trabalhos, conseguimos retomar.
Enquanto ASAS, conhecemos bem a realidade de Ponte do Rol. Como conhecemos tão bem a comunidade e alguns problemas que existem, tentamos transmitir isso na comissão, porque existem problemas iguais nas outras freguesias. E ao trabalharmos em conjunto, em parceria, conseguimos encontrar soluções para todos.
Acho que fizemos um ótimo trabalho na altura da pandemia, em que havia famílias em casa, sem trabalho e sem escola. Tanto as juntas de freguesia como as instituições apoiaram a nível alimentar e a outro nível.
Quanto ao futuro, a nível financeiro as famílias vão sofrer algumas alterações. Deste modo, estamos cá para ajudar e encontrar algumas soluções. Porque vamos todos viver um futuro um bocadinho incerto.”
António Alves | Presidente da Junta de Freguesia de São Pedro da Cadeira
“Temos ajudado várias famílias carenciadas, com alimentação e vestuário. Também temos tentado resolver alguns problemas burocráticos, nomeadamente na legalização de cidadãos estrangeiros, e algum apoio psicológico a nível escolar. Por isso tem sido um balanço muito positivo.
Como entidade pública tentamos estar próximo das pessoas e das suas necessidades. Temos um parceiro que é o CASP, o Centro de Acolhimento, que se calhar é a entidade que está mais no terreno no dia a dia, junto com as famílias, que mais nos referencia os problemas. E em comum temos tentado resolver certos problemas e chegar o mais rápido possível para solucioná-los (…)
Em termos de futuro, penso que vamos ter um problema que está a aparecer muito lentamente. Vão-se descobrindo algumas situações que estão encobertas... Não digo pobreza, mas algumas situações de necessidade que estão encobertas e que a pouco e pouco vamos tentando descobrir, estar ao lado e apoiar.”