Torres Vedras

Castro do Zambujal… Dizem que ainda se ouvem vozes por aí!

01.01.2019

Os caminhos e trilhos de Torres Vedras, muitas vezes, nos levaram ao Castro do Zambujal, um lugar cuja paisagem envolvente fundamenta a construção deste povoado fortificado pré-histórico.

Hoje, a visita foi claramente distinta. A intervenção do Projeto de Valorização do Castro do Zambujal veio permitir a salvaguarda e conservação do sítio, mas, sobretudo, proporcionar ao visitante uma experiência singular.

Envolvidos nesta paisagem, de natureza ordenada, subimos ao cume e estacionamos junto à entrada onde um invulgar portão marca o início da nossa visita.

Curiosos, descarregamos a aplicação [o Audioguia do Zambujal está disponível numa app nativa. Aceda aqui ao site da aplicação] e somos, a partir de agora, conduzidos pelo áudio guia numa viagem pelo tempo. Inexplicavelmente, as vozes que personificam Leonel (o arqueólogo); Gabi (a mulher); Ivan (o guerreiro); Udim (a criança) e Mathus (o ancião) permitem olhar em volta e imaginar como tudo seria! Rapidamente, somos produtores do nosso próprio enredo com personagens que foram, outrora, bem reais.

Por sorte, o magnífico dia destaca as cores, os sons, os cheiros e, no horizonte, a linha do mar faz-nos sentir defensores deste lugar.

O caminho, quase plano, percorre-se ao som do eco dos passos que embatem na madeira do passadiço e, sem olhar para trás, ficamos suspensos no vale onde, há 5000 anos, passara o rio, de denso leito, que permitia aportar pequenos barcos. Um painel informativo explica-nos que, além das áreas agrícolas existia, ainda, uma floresta onde se encontravam bosques povoados de animais como ursos, javalis e muitos outros de menor porte.

O pequeno casal, envolvido por um tapete natural de intenso verde, salpicado, aqui e ali, por pintas coloridas de algumas orquídeas selvagens que espreitam entre as gotas do orvalho, terá sido construído no séc. XVI com pedras do povoado. Nesta pequena casa viveu, longos anos, a D. Luísa. 

Contornamos e somos convidados a entrar na Cidadela com muralhas que foram construídas com pedra extraída do esporão onde se situa o povoado. Avançamos, entre muros, e logo o instinto nos faz subir a muralha e, no topo, podemos observar a barbacã, na primeira linha de fortificação.

O Castro do Zambujal mantem hoje uma qualquer energia a que ninguém fica indiferente. E dizem que ainda se ouvem vozes por aí!...

Curiosidades

Os recursos essenciais do mar eram acessíveis devido à existência de uma baía que chegava a cerca de 1 km.

O sítio foi descoberto por Leonel Trindade em 1932 e, em 1946, após umas primeiras sondagens foi classificado como Monumento Nacional.

PR 4 - A Rota do Castro do Zambujal é um percurso circular com um total de 16 km, tendo sido criada uma derivação, o PR4.1, com cerca de 11.750 km.

O arco e flecha tinham um papel preponderante na defesa do povoado.




Texto: Marta Fortuna
Ilustração:
André Baptista

Última atualização: 26.09.2019 - 12:37 horas
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