Torres Vedras

Agenda

Grandes quartetos com piano

Até 20 de novembro 2022 | 17h00

Música Grandes quartetos com piano

Evento já ocorrido

Local: Teatro-Cine de Torres Vedras
Destinatários: M/6

Um dos traços mais vincados da biografia de Brahms é o seu amor platónico por Clara Schumann. Essa impossibilidade viria a ser o catalisador de uma série de obras musicais, em que o génio do compositor se revela plenamente. Disto é exemplo o Quarteto op. 60, composto entre 1856 e 1875 e estreado a 18 de novembro desse ano, com Brahms ao piano. Segundo o próprio, em carta dirigida ao editor Fritz Simrock, a capa da edição do quarteto deveria ser a de um jovem prestes a suicidar-se, invocando Werther, o personagem do livro de Goethe que sucumbe ao seu amor pela mulher do melhor amigo. Repleto de contrastes dramáticos e motivos melódicos sinuosos, a tensão latente que se mantém até ao último compasso, faz do Quarteto op. 60 uma das  obras maiores do compositor. Seria Fritz  Simrock quem, de forma insistente, de-  safiou Antonín Dvořák a escrever um quarteto com piano. A 10 de agosto  de 1889, escrevia Dvořák para o amigo Alois Göbl “Tenho três andamentos de um novo quarteto com piano completados e o último será terminado em breve. Tudo tem acontecido de forma inesperadamente fácil e as melodias ocorrem-me em catadupa. Graças a  Deus!”. O quarteto, terminado a 19 de agosto, viria a estrear a 17 de outubro desse mesmo ano, em Frankfurt. O I andamento revela a tendência de Dvořák para temas líricos longos, arrebatadamente românticos, ainda que de carácter instáveis, ora escuros e trágicos, ora claros e heróicos. O II andamento, o mais longo dos quatro, é uma canção serena, em contraste com o Scherzo seguinte, ao jeito de um ländler. O último andamento pauta-se por uma exuberância emocional, no contraste entre um tema turbulento e outro lírico, ao qual não falta a evocação do dulcimer, em jeito de dança folclórica.


J. Brahms (1833 – 1897)
Quarteto para piano e cordas  nº 3, em Dó menor, op. 60

I. Allegro non troppo
II. Scherzo - Allegro
III. Andante
IV. Allegro comodo

A. Dvořák (1841 – 1904)
Quarteto para piano e cordas  nº 2, em Mi bemol maior, op. 87

I. Allegro con fuoco
II. Lento
III. Allegro moderato
IV. Allegro ma non troppo

Ensemble Darcos




Lotação: 392
acesso a público com mobilidade condicionada
Preço: 5
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Teatro-Cine de Torres Vedras-

Horário de funcionamento
Em dias de espetáculo:
De quinta-feira a sábado: a partir das 17h00
Exceto espetáculos ao domingo à tarde: uma hora antes do espetáculo

Av. Tenente Valadim, n.º 19
2560 Torres Vedras

261338131
teatro.cine@cm-tvedras.pt
Localização Google Maps


"Nesta nova edição da Temporada Darcos, propomo-nos seguir a linha que tem norteado as temporadas anteriores: grande música, grandes intérpretes, mas procurando sempre pontos de contacto entre diferentes tradições, privilegiando o ecletismo e a inclusão. Por isso, desta vez escolhemos o lema da união pela música. Num mundo ainda muito desunido, dividido pelas políticas, pelas religiões, pelas desigualdades e pelos abomináveis racismos, cabe à arte proclamar bem alto que o único futuro sustentável é o da união.

A união pela paz, pelo amor, pelo planeta e pela liberdade. A união dos povos. Nós e os outros, duas realidades diferentes, mas na utopia que desejamos para o mundo as diferenças esbatem-se e convergem numa única realidade. É com esta convicção que a Temporada Darcos apresenta o seu projeto de fusão entre o fado e a música tradicional afegã, através da colaboração entre o Ensemble Darcos e o ANIMP (Afghan National Institute of Music), com o fadista Marco Oliveira e o guitarrista Miguel Amaral. Segundo o mentor e diretor do ANIMP, Dr. Ahmad Sarmast, dezenas de jovens estudantes afegãos fugiram ao terrível regime Talibã, viajando 6.592 quilóme-tros para poderem ter um futuro, e para que a música tradicional afegã pudesse sobreviver. Parece-nos triste e paradoxal que uma tradição milenar necessite do exílio para garantir a sua existência e preservação…

Também sob a égide da união, e visando criar pontes culturais de índole humanista, o mais ambicioso projeto da Temporada Darcos, Europa Sinfónica, será finalmente retomado (em suspenso desde 2020 devido aos anos de pandemia), com a primeira visita a Portugal da Orquestra da Ópera Estatal da Hungria, um dos mais antigos e prestigiados agrupamentos musicais europeus, e com a Orquestra da Toscana, instituição capital daquela região italiana, com sede em Florença. Estes dois programas terão como solistas os aclamados artistas portugueses António Rosado e Eduarda Melo. O ano de 2023 verá ainda nascer o projeto Folias, terceiro livro da série para coro e instrumentos, Novíssimo Cancioneiro, de Nuno Côrte-Real, desta vez inteiramente dedicado às danças portuguesas, reper-tório rico e variado que é mister revitalizar com vista a uma maior presença artística no panorama contemporâneo.

De destacar, por último, a estreia do projeto de fusão estética entre o jazz e o clássico, Nas asas do indefinido, com o Ensemble Darcos e a internacional cantora portuguesa Maria Mendes, procurando caminhos de fusão e desco-berta entre aqueles dois mundos distintos. Podíamos projetar neste último projeto musical, como exercício para as nossas próprias vidas, o caminho que a humanidade parece cada vez mais estar a necessitar: tomar o oposto, o contrário, o aparentemente inconciliável, e conciliá-los; entender as diferenças, aceitar as distinções, compreender as essências, e num desejo sincero de harmonia, conceber um horizonte onde a natureza varia do Homem possa existir pacificamente e sem mácula. Utopia, nunca te esqueceremos!" Nuno Côrte-Real

“A cultura é o grande observatório do humano” José Tolentino Mendonça (2021)

Na sua 16ª edição, a Temporada Darcos propõe um programa artístico que elege “A união pela música” como impulso e horizonte. Longe de constituir um cliché semanticamente esvaziado pela repetição, a afirmação prefigura um manifesto pelo direito a construir uma nova narrativa do futuro.

A Temporada Darcos enraíza-se num movimento cultural agregador de matriz cosmopolita que promove o encontro entre “diversidades”, aprofundando o diálogo, a cooperação e a participação cidadã. Repousa na profunda convicção de que as Artes e a Cultura – conceito poliédrico – devem assumir um papel central e não ornamental no âmago de qualquer projeto de desenvolvimento territorial. Ao longo da sua trajetória, um sistema capilarizado de relações tem sido delicadamente tecido, dirimindo distâncias entre instituições, coletivos artísticos e comunidades.

Na sua dimensão processual, a Temporada Darcos concorre para a edificação de uma ecologia de práticas colaborativas que, assentes na mutualização de experiências, conhecimentos e competências, aportam inovação e abrem caminho a diálogos fecundos materializados em projetos comuns.
Enquanto movimento fortemente comprometido com a educação, inequívoca alavanca de transformação, a Temporada Darcos tem contribuído para salvaguardar a acessibilidade a um patri-mónio artístico em permanente (re) criação e avigorar a literacia musical de uma “vasta maioria”.

A música, na sua pluralidade de expressões, é um universal de cultura, uma linguagem de convergência que nos projeta num espaço identitário partilhado. Em tempos marcados pelo desencanto, incerteza, fragmentação, dissolução e insularidade, a música, mais do que uma experiência salvática, hiperbolicamente escapista, ou de estrita e efémera fruição estética, oferece a possibilidade de pensar novas formas de habitar o mundo, de ousar outras vidas em comum." Ana Umbelino

Direção artística
Nuno Côrte-Real

Consultoria
Afonso Miranda

Projetos especiais
Vanessa Pires / Artway

Textos
José Bruto da Costa

Produção executiva
Bruna Moreira

Assistente de produção
João Barrinha

Gestão de apoios
Jorge Reis

Relações públicas e assessoria de imprensa
Débora Pereira

Contabilidade
Luís Silvestre


Imagem gráfica
Olga Moreira a partir de fotografias de Jorge Carmona


Comunicação e imagem
Câmara Municipal de Torres Vedras

Última atualização: 16.11.2022 - 19:35 horas
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