Torres Vedras

Centro de Artes e Criatividade de Torres Vedras - 2º aniversário

Centro de Artes e Criatividade de Torres Vedras - 2º aniversário

A fraternidade afinal não é uma idéia revolucionária.
É uma coisa que a gente aprende pela vida fora, onde tem que tolerar tudo,
E passa a achar graça ao que tem que tolerar,
E acaba quase a chorar de ternura sobre o que tolerou!

- Álvaro de Campos in Ode Marítima 

 

O que celebramos quando celebramos um aniversário? Mais um ano? Mais um dia? Mais uma porta aberta para o incerto? Celebramos a maravilhosa incerteza do milagre da vida. Este bebé tem dois anos. Faz dois anos. Passaram-se 730 dias desde que aqui se abriu a porta e convidámos a entrar os Torrienses e todos os que não são Torrienses a perceber que a cidade mudou. A cidade evoluiu e cresceu, cresce todos os dias mais um pouco e tem um orgulho lá bem dentro no coração nisso. Por isso há uns dias por ano que para e quer-se celebrar. Quem chega, quem bate à porta, quem nasce traz sempre consigo mudanças para quem está, para quem o recebe. Quem nasce traz mensagens que são para os que já cá estão difíceis de descodificar e entender. É por isso que nascer é um milagre e nos remete para um sentimento de mistério velado. O CAC — o nosso Centro de Artes e Criatividade chegou misteriosamente e atravessou a expressão cultural da cidade. Trouxe agarrado a Encosta de São Vicente e todo um amplo programa de regeneração. Traz agarrado um modo de fazer que ninguém sabe. Que muitos sonham. Que ainda mais que muitos o discutem como se há muito já o soubessem antes ainda do ser poder ser qualquer coisa. É a natureza humana a falar. Somos por isso mais humanos, mulheres e homens criativos que precisam hoje de que a cultura seja uma base para o diálogo. Sem criatividade e sem cultura empobrecemos e a nossa humanidade não cresce, não se modifica. Porque acreditamos e investimos nas artes e na criatividade fazemos a festa e celebramos dois anos. Venham mais cinco, venham mais dez. Mas venham agora todos. Porque a fraternidade não é de facto uma ideia revolucionária. É uma coisa que se aprende uns com os outros. Até já.

O aniversário do CAC estende-se por um período de dois fins de semana para que se possa abranger distintas atividades e diversos destinatários. Abrir as portas, mostrar quem somos e o que fazemos, convidar à reflexão e à festa. Incluir e tornar coeso as múltiplas atividades e visões que se conjugam neste espaço são por ocasião do nosso aniversário o objetivo que nos une. Chamamos à festa no primeiro fim de semana, o último de Abril que coincide com uma comemoração significativa — o Dia Mundial da Dança — para o qual temos estado a preparar o primeiro evento do DÉCADAS. Um baile que terá lugar no Grémio e que se dirigirá depois para o CAC para abrir o espaço e dar lugar ao lançamento da Cápsula do Tempo que durará até ao Carnaval de 2024 e será o testemunho da cidade atual para a cidade do futuro — será aberto daqui a cinquenta anos. 

O segundo fim de semana é o de soprar as velas. É a festa que se faz provando-se que temos fôlego e estamos vivos e prontos para mais. Para mais vida. Para mais um ano. Para mais luzes que se acendam e apaguem no caminho.

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