Torres Vedras

Frei Aleixo de Meneses, 1559-1617

01.11.2013

Frei Aleixo de Meneses 1559-1617

Filho de D. Aleixo de Meneses, aio de D. Sebastião, e de D. Luiza da Silveira, Aleixo, que por batismo recebeu o nome de Pedro, nasceu em Lisboa, aos 25 dias andados do mês de Janeiro de 1559. A ascendência distinta e o convívio na corte permitiram-lhe aceder a uma educação cuidada. Tinha a idade de dez anos quando perdera o pai, ficando sob a tutela de Frei Agostinho de Jesus, seu tio, que certamente o influenciaria no seu percurso futuro. Aos 15 anos ingressou no convento de Nossa Senhora da Graça de Lisboa, onde recebeu o hábito de eremita de Santo Agostinho, a 24 de fevereiro de 1574, e professou um ano depois. Contemplados os 16 anos, tomou o nome de seu pai e o nome de vocação de seu tio (Jesus), fixando-se o nome do frade em Aleixo de Jesus ou de Meneses. Aos 18 anos, rumou a Coimbra para cursar filosofia e teologia. Em 1582, encontrava-se na lista dos externos do convento da Graça de Coimbra, na mesma cidade da Universidade que frequentou, mas do qual nada sabemos acerca da conclusão dos estudos.

Em 1588, fora eleito prior do convento de Nossa Senhora da Graça de Torres Vedras, por um biénio (1588-1590), dois anos depois exerceria o mesmo cargo em Santarém e, em 1592, no convento de Nossa Senhora da Graça de Lisboa. Aquando da sua estada em Torres Vedras, interessar-se-ia por Frei Gonçalo de Lagos, que também fora prior na vila, entre 1412 e 1422, porém no velho convento edificado na várzea defronte da igreja de São Tiago, que os agostinhos abandonariam em 1544 para a sua nova morada. Sobre Gonçalo escreveu uma biografia, em seis capítulos, que, terminada em Goa, enviou para Lisboa.

Por morte do arcebispo de Goa, D. Frei Mateus de Medina, Filipe II chamou Frei Aleixo de Meneses a Madrid, para lhe propor a administração do arcebispado de Goa, meio de garantir um bispo político na diocese. Para além das qualidades manifestadas, importava a D. Filipe II um arcebispo no Oriente oriundo de Lisboa, forma de escapar aos jogos de poder locais. A humildade, a formação e o jogo político e diplomático de Frei Aleixo levaram-no a apresentar, por diversas vezes, escusas ao rei. Mas não tardou a ceder perante a insistência dos fidalgos e do próprio monarca que lhe escrevera nesse sentido, em carta datada de 21 de novembro de 1594. Foi sagrado no convento da Graça de Lisboa, a 26 de Março de 1595, por D. Fábio Biondi, vice-legado do Vaticano em Portugal.

A 29 de Março do mesmo ano, embarcou para a Índia, acompanhado de outros três frades gracianos. E em finais de setembro, enfermo, chegava a Goa, onde o esperavam o vice-rei, os vereadores e o povo. A par da cidade decadente e desregrada, o clero era acusado de lascívia e usurpação de bens e rendas. Aí construiu um recolhimento, para amparo da mulher de nascimento nobre, viúva ou órfã, e foi um grande construtor e dotador de conventos gracianos. Em 1607, Aleixo de Meneses foi nomeado governador do Estado da Índia, cargo que ocuparia até 1609.

Regressaria, porém, ao reino, saindo de Goa a 31 de dezembro de 1610, quase oito anos depois do seu pedido de renúncia, e após a morte do seu tio, em 25 de novembro de 1609. Encontrando-se a cadeira do bispo de Braga vaga, seria ocupada por Meneses, que seria confirmado a 9 de Março de 1612, e entrando na diocese a 9 de Agosto. Em 1614, ainda acumularia o cargo de vice-rei de Portugal, de cujo Conselho, sedeado em Madrid, foi presidente até à morte, em 3 de maio de 1617. O convento do Pópulo da cidade de Braga acolheu-o na sua última morada.

Carlos Guardado da Silva 

Última atualização: 27.09.2019 - 10:21 horas
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