Scratching the Surface (série)
01.03.2013
Esta obra da autoria de Alexandre Farto, conhecido por Vhils, integra uma série designada “Scratching the Surface” iniciada em 2007.
O projeto consiste num conjunto de trabalhos, maioritariamente baseados em retratos humanos e imagens de urbanidade, que foram esculpidos na superfície de paredes formando contrastes, revelando as camadas irregulares que se encontram abaixo. A premissa fundamental por trás desta série é o ato de trabalhar com a cidade como matéria-prima, utilizando parte do próprio ambiente urbano, incorporando-o na própria obra e tornando a obra, simultaneamente, numa parte da cidade.
Vhils procura expressar a ideia de que por trás da monotonia das superfícies de tijolo e cimento que compõem as cidades em que vivemos, definindo a natureza de quem somos, reside a dimensão humana.
Com esta série, Vhils procura expressar a ideia de que por trás da monotonia das superfícies de tijolo e cimento que compõem as cidades em que vivemos, definindo a natureza de quem somos, reside a dimensão humana. “Scratching the Surface” é um ato de criação retirado de formas sem vida, subvertendo e reorganizando a finalidade pela qual foram construídas em primeiro lugar. O objetivo é gravar a ideia de vida numa parede, criando uma peça iconográfica de simbolismo que resista, trazendo “vida” a uma superfície que não a tem.
O trabalho de Vhils passa pela projeção da imagem numa parede, traçada depois com tinta e posteriormente esculpida, através da remoção de pequenos pedaços de parede, com recurso a martelos e outras ferramentas menos convencionais. A violência do método utilizado tem como objetivo criar um claro contraste com a poética e beleza do resultado.
A violência do método utilizado tem como objetivo criar um claro contraste com a poética e beleza do resultado.
“Neste ato de escavação, é o processo em si que é expressivo, e não tanto o resultado final. É um tentar refletir sobre as nossas próprias camadas. Não tem como propósito apresentar soluções, mas de pesquisar, de confrontar sistemas, materiais, processos, elementos, criar fricção e confrontar o indivíduo com o processo, com o sistema. Um processo crítico ativo que tem origem no mesmo meio sobre o qual tenta refletir.”
- Autoria: Vhils (Alexandre Farto) [1987- ]
- Localização: Rua Serpa Pinto, parque de estacionamento de Santiago, Torres Vedras
- Data de execução: março de 2009
Veja o vídeo da execução da obra:
Vhils
Nasceu em Lisboa, em 1987.
Cresceu próximo do Seixal e iniciou-se no graffiti por volta dos 13 anos, uma ferramenta poderosa que permitia aliar uma atividade plena de risco e adrenalina à expressão estética e interação com o meio ambiente.
Em 2007 foi para Londres estudar na Central Saint Martins College of Art and Design e já não era propriamente um desconhecido dentro da cena da arte urbana.
Brutal, complexa e intensamente urbana, a poesia visual de Vhils tem sido mostrada ao mundo em várias exposições individuais e coletivas, assim como inúmeras intervenções livres em paredes e eventos numa multiplicidade de países.
Em Maio de 2008 seria apresentada ao público internacional a primeira grande intervenção da sua série “Scratching the Surface”, no Cans Festival, em Londres, um festival de arte urbana comissariado por Banksy. A resposta foi arrebatadora: a comunidade internacional de artistas urbanos saudou a chegada de um novo talento, mas a grande surpresa centrar-se-ia no modo como o público e a imprensa o receberam: Vhils era aclamado como a next big thing, era “descoberto” pelo mundo.