Torres Vedras

Aeroclube de Torres Vedras

01.07.2016

Aeródromo Vista Geral

Em 1930, um grupo de torrienses construiu um primeiro aeródromo no concelho de Torres Vedras, na quinta do Alfaiate, numa propriedade de José Augusto Mendes. Daquele grupo fizeram parte alguns dos impulsionadores da aviação local que integravam a Comissão de Iniciativa do Campo de Aviação e estariam também na fundação do Aeroclube: João Pedro (‘Pedro da Rocheira’, natural do Bonabal, um dos primeiros pilotos torrienses, que foi diretor do Sport Clube União Torreense), Faustino Soares Antolin, José Pedro Lopes e José Joaquim Machado, contando, desde início, com a colaboração do tenente Manuel Gouveia. Aqui aterraram e levantaram voo seis aviões Wicker, no dia 6 de setembro daquele ano, tendo aterrado em primeiro lugar o Wicker pilotado pelo capitão Frederico Costa, saído de Tancos, seguido de um proveniente de Alverca e dos restantes quatro da Amadora, aviões militares testemunhos do contributo que a aviação militar deu à aviação torriense, e particularmente os aviadores militares da Amadora. Este seria a única vez que o aeródromo de Casalinhos de Alfaita acolhera aviões, uma vez que já se encontrava definida a localização definitiva do Campo de Aviação, em Santa Cruz, uma localização em sintonia com o papel que então se esperava da aviação para o desenvolvimento turístico local e da região. Aqui se deslocariam em cortejo automóvel, naquele mesmo dia, os oficiais aviadores acompanhados do comandante interino da Esquadrilha da Amadora, da Comissão de Iniciativa, de membros da Câmara Municipal e da Colónia balnear, para além das distintas individualidades torrienses, perante centenas de pessoas, para conhecer a sua localização, seguindo-se uma receção no Casino e uma visita à Praia. Regressariam à quinta de Alfaiate para a refeição: uma caldeirada típica servida no pinhal, que terminaria com um ‘clássico cafezinho’.

Ainda o Campo de Aviação se encontrava em obras, recebeu a primeira aterragem de um avião, pilotado pelo tenente Manuel Gouveia, em 27 de abril de 1931. A inauguração oficial teve lugar a 27 de julho deste ano, marcando presença 17 aviões do Grupo de Esquadrilha de Aviação República (GEAR), Grupo Independente de Aviação e Bombardeamento (GIAB), Escola Militar de Aviação (EMA) e Aeroclube de Portugal (ACP). Encontrando-se em terreno particular, propriedade de Maria Perpétua Rosa, a Câmara Municipal, através do pelouro do Turismo, pagava a renda inicial de 350$00 anuais, aumentada para o dobro, em 1942, em virtude do aumento do Campo. O terreno seria adquirido pela Câmara Municipal em 1946, justificando, desde então, a denominação Campo Municipal de Aviação.

A partir de 1932, momento em que Torres Vedras mantinha a aspiração acerca da criação de um distrito com sede na vila, o Campo de Aviação passou a receber as Jornadas Aeronáuticas, o ‘Dia da Aviação’, uma festa patriótica destinada à confraternização da Aviação Portuguesa, onde se pôde assistir ao primeiro salto de paraquedas. Em 15 de setembro de 1946, foi inaugurado o hangar, que substituiria o primitivo barracão, projeto de Lima Ribeiro, técnico do Secretariado da Aeronáutica Civil, tendo-se assistido ao batismo da avioneta CUB J3 (CS ABY), aquisição da Associação e o seu símbolo até 1981, altura em que a doou ao Museu do Ar. Naquele mesmo ano, a 7 de dezembro, foram publicados os Estatutos do Aeroclube de Torres Vedras, aprovados um ano antes pela Secretaria da Aeronáutica Civil, que tinham como principais objetivos fomentar a propaganda aeronáutica e contribuir para a formação profissional de pilotos, abrindo uma escola para este efeito. O Aeroclube de Torres Vedras iniciava então a formação de pilotos, ao mesmo tempo que divulgava as atividades aeronáuticas, à qual se juntaria, mais tarde, a prática de voo sem motor (aeromodelismo). Um esforço que seria premiado, com o reconhecimento, logo em 1956, de instituição de utilidade pública.

Entretanto a pista crescera, assim como os formandos e as horas de voo. Em 1971, o Aeroclube adquiriu vários aviões de linha Cessna, de modo a harmonizar a frota, e procedeu à construção do 2.º hangar. Em 1983 ampliou as suas funções, tendo passado a colaborar com empresas produtoras de pasta de papel na deteção de incêndios, atividade cívica pioneira no nosso país…. Uma longa história, ainda por fazer, sobre quem segue o lema ‘Voamos e ensinamos a voar desde 1946’.


Carlos Guardado da Silva

Última atualização: 14.08.2019 - 10:29 horas
voltar ao topo ↑