Apresentado programa de escavação arqueológica e sinalética em Runa e Dois Portos
17.02.2025

No dia 16 de fevereiro, a Casa do Povo de Runa acolheu a Apresentação Pública do Programa de Escavação Arqueológica e Sinalética Informativa sobre os combates de Runa e Dois Portos, ocorridos durante a Terceira Invasão Francesa.
A abertura do evento coube ao presidente da União de Freguesias de Dois Portos e Runa, João Tomaz, que passou a palavra a José Vale Paulos, membro da Assembleia desta Freguesia, que sublinhou na sua intervenção os trâmites do processo de reconhecimento dos combates ocorridos nestas localidades.
Seguiu-se a apresentação da Rota Histórica das Linhas de Torres (RHLT), pela vice-presidente da Associação para a Promoção Turística e Patrimonial das Linhas de Torres, Ana Umbelino. Na sua intervenção, a vice-presidente evidenciou, através da caracterização do âmbito de atuação da Associação e a contextualização da RHLT, a importância desta, não apenas para o contexto nacional, mas também europeu. A RHLT faz parte dos Itinerários Napoleónicos por Portugal, que, por sua vez, estão incluídos nos Itinerários Napoleónicos por Espanha e Portugal, assim como no itinerário cultural europeu Destination Napoleon, certificado pelo Conselho da Europa. Este último itinerário é gerido pela Federação Europeia das Cidades Napoleónicas, da qual Torres Vedras também é membro. “O que nos propomos fazer hoje aqui é de certa forma iluminar acontecimentos históricos que muito beneficiam a compreensão de uma história mais global e daí a importância desta investigação localizada”, referiu.
Na sua intervenção, o historiador Venerando Aspra de Matos contextualizou historicamente os combates de Runa e Dois Portos, recorrendo a relatos da época, incluindo registos da Gazeta de Lisboa de 1810. Em seguida, o arqueólogo Rui Ribolhos apresentou o programa dos trabalhos arqueológicos, que pretende localizar os locais exatos dos confrontos através da recolha de vestígios bélicos, como balas e outros artefactos. “Como temos a noção de que a batalha durou umas horas, nada foi construído. As linhas de Torres Vedras estavam construídas ou em construção, mas não as vamos escavar. Vamos escavar um campo de batalha, um terreno aberto”. Rui Ribolhos referiu que à Direção Geral do Património será então entregue um programa e documentação para que se possam começar os trabalhos, o que deverá acontecer no verão, por ser uma altura mais propícia à escavação.
Após as intervenções, oradores e público presente deslocaram-se, ao som dos Gaiteiros de Freiria, ao Parque Verde de Runa, onde foi apresentada a sinalética informativa sobre o combate de Runa. O percurso seguiu até à Ribaldeira, onde foi apresentada a sinalética referente ao combate de Dois Portos.
Os combates de Runa e Dois Portos inseriram-se na defesa das Linhas de Torres durante a Terceira Invasão Francesa. Em outubro de 1810, tropas aliadas resistiram ao avanço das forças do General Junot, que procuravam atravessar o Rio Sizandro. A investigação arqueológica agora anunciada pretende contribuir para um maior conhecimento deste período, complementando a instalação da nova sinalética histórica na região.