Eram dez da manhã no Dia da Assunção de Nossa Senhora quando, à semelhança de outros quinze de agosto, se começaram a escutar os primeiros acordes no Largo Jaime Batista da Costa.

Os “saloios”, representados pelos ranchos folclóricos do concelho, regressavam pela vigésima vez a Santa Cruz numa recriação que se tem repetido ano após ano promovida pela Câmara Municipal em parceria com estes agrupamentos musicais e integrada no programa Onda de Verão.

À medida que o sol ia subindo, o largo central daquela estância balnear ia-se enchendo de público e os ranchos folclóricos se sucedendo no palco, proporcionando por meio dos seus trajes e das suas músicas uma “viagem” às primeiras décadas do século passado.

Por fim, já no final dessa manhã, as carroças, charretes, burros e carro de bois do Rancho Folclórico e Etnográfico “Flores do Oeste” passaram junto ao Largo Jaime Batista da Costa, "arrastando” os restantes ranchos e o público que assistia à atividade para a Praia do Guincho.

Aí os “saloios” assentaram “arraiais”, e depois de uma “ida ao banho”, passaram à habitual degustação de iguarias tradicionais como o arroz de coelho ou o peixe seco com batata cozida. Foi com acordeão e brincadeiras a lembrar “tempos de outrora” que chegou ao fim mais um “dia do saloio” em Santa Cruz. 

Recorde-se que esta iniciativa pretende recrear uma antiga tradição das populações rurais do concelho, que tinham por hábito organizar naquela data uma “ida à praia”. Sendo pouco antes dos preparativos para as vindimas, o “15 de agosto” era uma “zona de fronteira” vivida de forma festiva pelos “saloios”. Os preparativos para esse dia implicavam a participação de toda a comunidade como se de uma verdadeira festa se tratasse. Não faltava a “boa mesa” e o “bom vinho”. Vestia-se o fato de domingo e lá se seguia para Santa Cruz nas tradicionais carroças e carros de bois. A “ida à praia” era, recorde-se, um privilégio para aquelas populações…