Foi com a representação no Teatro-Cine do espetáculo teatral KAMARÁD pela companhia Mochos no Telhado que o Município se associou este ano ao Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto (27 de janeiro).

Esse teatro foi apresentado no dia da efeméride, na sala municipal de espetáculos, em duas sessões: uma vespertina, a que assistiram 330 alunos do 9.º ao 12.º de escolaridade (da Escola Secundária Madeira Torres e da Escola EB 2,3 Gaspar Campello); e uma outra, noturna, dirigida ao público em geral, a que assistiram 42 pessoas.

De referir que o espetáculo KAMARÁD remete para o episódio da publicação de uma revista homónima, por crianças e jovens prisioneiros no campo de concentração nazi de Theresienstadt (situado no território da atual República Checa), durante a Segunda Guerra Mundial. O teatro KAMARÁD demonstra que no âmbito do conflito bélico de 1939-1945 também a Arte foi pão que distraía a fome e alimentava a capacidade de imaginar um outro presente e um futuro diferente, no contexto de um campo de concentração profundamente marcado pela sua intensa vida cultural, da qual professores e diversos artistas faziam trincheiras para resistir. 

Em ambas as sessões de representação do teatro KAMARÁD em Torres Vedras estiveram presentes a vereadora da Cultura da Câmara Municipal, Ana Umbelino, e a diretora da Cátedra de Estudos Sefarditas Alberto Benveniste, Maria de Fátima Reis.

Na sessão da noite, Ana Umbelino aproveitou para chamar a atenção para o facto do silêncio ser uma forma de colaboracionismo, pelo que, segundo as suas palavras, todos temos o dever de denunciar comportamentos desumanos como é o caso dos racistas e xenófobos. Na sua alocução, a vice-presidente da Câmara Municipal relevou também a capacidade que as linguagens artísticas possuem para levar a nos colocar no lugar do outro e permitir sonhar alternativas a realidades mais adversas com que nos possamos confrontar, tendo ainda revelado o desejo de ver o nosso quotidiano pautado por valores mais humanistas.

Já Maria de Fátima Reis congratulou-se com o facto do número de atividades relacionadas com o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto ter aumentado em Portugal nos últimos anos, principalmente desde que o país passou a integrar a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, o que aconteceu em 2019. Maria de Fátima Reis sublinhou também na sua intervenção que o teatro KAMARÁD demonstra que a Arte pode se constituir como uma forma de resistência e mesmo de superação em determinados contextos, como foi o dos campos de concentração nazis.

Recorde-se que o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto foi instituído por meio da Resolução 60/7 da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a 1 de novembro de 2005. A efeméride assinala-se a 27 de janeiro por ter sido neste dia que as tropas soviéticas libertaram o maior campo de extermínio nazi, o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.