No âmbito das obras de requalificação da Praça Machado dos Santos, no Centro Histórico de Torres Vedras, estão a decorrer trabalhos de arqueologia que já revelaram vários vestígios do passado da cidade: ossadas humanas e uma estela funerária decorada (pedra fincada no solo, para sinalizar uma sepultura) foram alguns dos elementos identificados pelos arqueólogos que se encontram no terreno. Estes achados arqueológicos permitem, numa análise preliminar, concluir que grande parte da praça terá sido ocupada por um importante cemitério cristão.

"A primeira constatação é que a cota foi subida. Ou seja, houve aterros que cobriram um antigo espaço de cemitério" explica o arqueólogo Fernando Henriques. Os trabalhos arqueológicos decorrem na área onde foi identificado o cemitério onde terão sido sepultados os habitantes da Paróquia de Santiago, até meados do século XIX.

"O que se sabe é que será posterior ao século XVI, que é a fase de reconstrução do antigo espaço religioso" adianta Fernando Henriques sobre os enterramentos a maior profundidade. "Aí não se consegue datar, porque ainda não foi escavada nenhuma das sepulturas" acrescenta o arqueólogo, sublinhando que a descoberta de moedas e medalhas poderá ajudar a esta identificação temporal.

Até agora foram encontrados vários enterramentos, em covachos e em sepulturas estruturadas e cobertas por lajes, com estelas na cabeceira, a identificar a campa. Os trabalhos estão a ser acompanhados por uma equipa de arqueólogos e uma antropóloga.

Depois da sua retirada, os achados serão inventariados, estudados e depositados no Museu Municipal Leonel Trindade. Note-se que os trabalhos estão a ser acompanhados pela Direção Geral do Património Cultural.

As obras de requalificação da Praça Machado dos Santos continuam a decorrer, não tendo sofrido qualquer alteração até ao momento. Com esta intervenção, o desenho da praça terá como ponto central um círculo sobre o poço que foi posto a descoberto em junho de 1996, quando foram realizadas escavações arqueológicas.

A área central será livre de qualquer obstáculo, o pavimento será requalificado e as infraestruturas serão melhoradas. A praça passará a contar com cinco árvores e duas zonas de estadia. O projeto resulta de um processo que contou com a participação e o envolvimento da população, contemplando vários contributos recolhidos na sessão participativa que decorreu em janeiro de 2019.