A exposição de cerâmica "Espelhos de Barro", de Maria da Cruz Avelar, que estará patente na Biblioteca Municipal de Torres Vedras, de 28 de fevereiro a 4 de abril, convida o público a um mergulho sarcástico e terno nas profundezas da natureza humana, utilizando o barro – material primordial e maleável – como um espelho da alma.

As peças de cerâmica apresentadas nesta mostra dão corpo a um conjunto de expressões idiomáticas e ditados populares que, de forma universal, refletem as nossas falhas e excessos.

Da arrogância silenciosa d’O Rei na Barriga, à cega complacência d’Em Terra de Cegos, a série desvenda a tapeçaria de egos, que tecem as nossas interações diárias. A cerâmica captura a rigidez e a fragilidade dessas posturas: o nariz intrusivo de "Meter o nariz onde não é chamado", contrasta com a inesgotável verborreia de "Falar pelos Cotovelos", transformando o silêncio do objeto artístico num grito visual sobre a comunicação desgovernada.

A artista transforma a matéria-prima em metáforas permanentes, convidando-nos a reconhecer, nas formas frias e cozidas da cerâmica, o calor e o absurdo das nossas mais comuns e reconhecíveis condições humanas.

As técnicas usadas na elaboração das esculturas são: lastra e beliscão, finalizadas com engobes e esmaltação.

Biografia

Maria da Cruz Avelar trabalhou durante muitos anos na área de Seguros. Contudo, sempre a perseguiu a ideia de um dia modelar peças a partir do barro, e esse dia chegou há cerca de dez anos. Desde então, tem recebido formação nessa área e assim se tornou uma fazedora de peças nas áreas da Cerâmica e Cerâmica Figurativa.

Na sua coleção de esculturas em cerâmica,  a artista procura provocar um sorriso no rosto de quem as observa e talvez sentimentos. O sentimento que dedica a cada uma das peças, imprime em todas um pouco de si, o que lhe vem do fundo da alma. Diz a autora:“Quando as executo só existimos nós: eu, elas e o silêncio...”