Burry Buermans é um artista torriense de “adoção” que tem desenvolvido uma técnica de expressão artística peculiar baseada no recorte e colagem de imagens.

A partir dessa técnica elabora virtuosas composições, em que ilustrações obtidas através de recorte preenchem formas reconhecíveis e familiares, gerando novas imagens de impacto visual. Cada trabalho é executado por meio de imagens meticulosamente recortadas de um mesmo objeto (quase sempre de um livro), procurando o artista dessa forma a uniformidade nas suas obras.

Até 8 de abril, trabalhos de sua autoria podem ser apreciados na exposição Corte, que está patente na Paços - Galeria Municipal.

Além de trabalhos de colagens, Burry Buermans apresenta também nessa mostra outras criações, como “Histórias de Selos” (em que a imagem e o título de dois selos são combinados entre si) e “Space Bunnies” (protótipos de naves espaciais trabalhados a partir de caveiras de coelhos).

Nostalgia, ironia, autenticidade e contraste são aspetos que se destacam nos trabalhos de Burry Buermans, nos quais o tema da morte é frequentemente abordado de forma bem-humorada. O conforto com que trabalha este tema tem uma razão biográfica: a morte do seu irmão gémeo, um mês antes do seu nascimento.

Notícias diárias, o cinema e a sua própria fantasia (de assinatura belga, absurda e surreal) são para si as principais fontes de inspiração.

Burry convoca um caráter lúdico às suas obras, convidando o observador a explorar os detalhes de cada composição com a ajuda de uma lupa, desafiando assim a um olhar mais demorado, passível de gerar interpretações prolíficas das imagens expostas.

Refira-se que este artista, atualmente com 40 anos, e que se dedica a tempo inteiro à atividade artística (também orientando workshops), é oriundo de Essen, uma localidade próxima de Antuérpia (Bélgica), tendo nesta que é uma das principais cidades flamengas exercido as funções de educador de infância e coordenador do serviço municipal de apoio à juventude. Pouco antes de emigrar para Portugal, em 2012, desenvolveu, de forma autodidata, a técnica de recorte e colagem de imagens, depois de ter experimentado outras formas de expressão artística. Logo naquele ano realizou a sua primeira exposição individual, em Antuérpia, tendo posteriormente apresentado exposições em outros locais, como Amsterdão, Macau, Santa Maria da Feira, Estarreja, Figueira da Foz, Vila Franca de Xira e Lisboa. Corte é a sua primeira mostra individual em Torres Vedras, havendo a particularidade de em muitos dias se encontrar a trabalhar no principal espaço da mesma.

“Perseguir os sonhos, onde quer que eles levem” é o lema de vida de Burry Buermans, o qual já o fez recuperar automóveis Trabant, andar pelo mundo à boleia e criar uma companhia de teatro. De referir, a este propósito, que Burry tem integrado diversos projetos na área do teatro na Bélgica e em Portugal, nos quais tem desempenhado as funções de ator, encenador, autor, aderecista e cenógrafo.

Num futuro próximo este residente na Loubagueira (localidade situada no território da União das Freguesias de Maxial e Monte Redondo) pretende dar continuidade ao trabalho artístico que tem realizado, sendo também sua intenção exercer as funções de educador de infância em Portugal, onde deseja ajudar crianças do ensino pré-escolar a descobrir, da forma mais ampla possível, as suas aptidões, também na área artística.