Torres Vedras

Carolina Sardinha

06.08.2024

carolina sardinha

Nasceu em Torres Vedras e estudou no Concelho até ingressar no curso de Arquitetura em Lisboa. Exerceu por um breve período de tempo, até ter ido para Madrid para estudar gravura. Filha de mãe “muito artística”, lembra-se de estar no Carrascal com os avós.

“A zona Oeste é muito inspiradora na sua relação com a terra, sobretudo em outubro e na vindima. Apesar de me ter mudado para Lisboa, essa lembrança vai estar sempre comigo”.

Depois do regresso a Portugal, em 2020, abriu o Carolina Sardinha Studio, em Lisboa, na Calçada Boa Hora, perto da Rua da Junqueira. É aqui que se dedica à produção da sua obra que, sendo maioritariamente de pintura, inclui também gravura e escultura. À artista plástica interessa o uso de materiais naturais como óleos e pastéis, que usa frequentemente em painéis com cores fortes. Diz-nos que “para comunicar, não precisamos ter medo das cores”.

Para Carolina, um artista tem de acordar a pensar no trabalho que está a desenvolver dia após dia. Há obras que surgem numa manhã, outras que levam meses. A inspiração está sempre presente de alguma forma, mas vai encontrá-la também, e sobretudo, às formas da natureza e aos elementos naturais. De momento, está a trabalhar com raízes, que leva para o estúdio e usa como ponto de partida.

Fascina-a a natureza, não tanto pela paisagem no seu todo, mas pelas pequenas formas e pelas contradições que nela coabitam: o crescimento, a vida, o envelhecimento. Como é que partes de um mesmo elemento morrem para que outras possam florescer, algo que pode ser simbólico também para o que acontece nas nossas vidas. “Todos estamos a amadurecer”. “Podia dizer que me focava nas metamorfoses, mas é tudo muito intuitivo e sensorial. É ir buscar coisas da nossa vida e ver que já estão nestes pequenos elementos da natureza”.

Carolina tem como referência artistas como Tracey Emin, Peter Doig, Pedro Paixão, Pedro Vaz, ou Paulo Brighenti, este também entrevistado para a Revista Municipal em abril de 2023. Recebeu o Prémio Nacional - Jóvenes Creadores de Calcografía, pela Real Academia de Belas Artes de San Fernando de Madrid, em 2014.

Recentemente, foi convidada pela Câmara Municipal de Torres Vedras a produzir uma obra para a Sala de Estudo, inaugurada a 24 de março deste ano. A obra, um tríptico em painéis, pertence à série subordinada ao tema “Aging” (envelhecimento). Como o espaço era grande, esta forma permite sugerir a sensação de expansão, não ocupando a parede toda. “A escala ficou muito boa para o sítio e fiquei muito satisfeita. Foi feito propositadamente para lá, com cores fortes”.

Carolina Sardinha acredita que a Arte e Cultura em Torres Vedras estão cada vez mais acessíveis a todos e nomeia como referência a Paços – Galeria Municipal porque tem as suas portas abertas e é um espaço convidativo; e o Teatro-Cine, por ter uma grande variedade de espetáculos. Para os que querem ver mais de perto o trabalho de Carolina Sardinha, podem fazê-lo no seu estúdio, em Lisboa. É sobretudo um local solitário, onde fica a maturar o trabalho, mas sempre aberto a visitas.

 

Publicado: 06.08.2024 - 14:59 horas
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