Carros alegóricos, a arte (muitas vezes) despercebida no Carnaval…
19.02.2020
São verdadeiros artistas…
Fernando Sarzedas vai esculpindo em esferovite um boneco que integrará um dos carros alegóricos da edição deste ano do Carnaval, à medida que vai explicando que o seu trabalho foi desenvolvido por autodidatismo, não obstante a sua formação escolar ter passado pela Escola António Arroio, em Lisboa.
Hélder Silva, proprietário de outra empresa responsável pela construção dos carros alegóricos do Carnaval de Torres Vedras, também produz os mesmos de forma manual, ao passo que a Gate7, propriedade de Bruno Melo, já utiliza uma máquina de impressão 3D para a execução dos rostos dos bonecos que fazem parte dos carros alegóricos que está incumbida de produzir para o evento.
De resto, estes três empresários torrienses já fizeram parte, no passado, de uma mesma empresa de construção de carros alegóricos, tendo optado cada um por seguir o seu próprio caminho. Há décadas que os três contribuem com o seu talento para o “Carnaval mais português de Portugal”.
A sátira político-social, exibida de forma singular nos carros alegóricos é, para além do mais, uma das principais características do Carnaval de Torres Vedras, atraindo anualmente dezenas de jornalistas a Torres Vedras, inclusivamente, e cada vez mais, estrangeiros.
O carro alegórico é, refira-se, um elemento que faz parte do Carnaval de Torres Vedras desde os seus primórdios. Em 1923, aquando da primeira edição organizada do evento, já marcava presença no mesmo. Primeiro puxado por animais, depois por tratores, o carro alegórico dos corsos do Carnaval de Torres Vedras é agora auto-motorizado, exigindo a sua condução uma especial perícia. Normalmente as estruturas dos carros alegóricos passam de uma edição para a outra do Carnaval, após variáveis intervenções de adaptação. Estes, habitualmente, possuem 14m de comprimento e 4m de largura, atingindo, frequentemente, os 6,5m de altura.
É por norma, no verão, ainda a vários meses do Carnaval, que os carros alegóricos do Entrudo torriense começam a ser desenhados. Para o efeito, é necessário primeiramente escolher o tema do evento, o que decorre de sugestões efetuadas pela população (nas redes sociais) e pelas associações carnavalescas, as quais são depois votadas por estas, pela empresa municipal Promotorres e pela Câmara Municipal. Por volta de outubro a construção dos carros alegóricos é adjudicada pela Promotorres, iniciando-se a grande azáfama da sua construção no início do ano. São dias longos de trabalho, laborando as equipas de Fernando Sarzedas e Hélder Silva nos Estaleiros Municipais, ao passo que a de Bruno Melo trabalha em instalações próprias. Serralheiros, pintores, carpinteiros e escultores estão, à boa maneira portuguesa, a construir até à última hora os carros alegóricos do Carnaval torriense.
Mas em 2020, como novidade, um dos carros alegóricos já integrou a embaixada do Carnaval de Torres Vedras que foi até Lisboa na anual ação de promoção do evento na capital. Um carro alegórico que relaciona o Carnaval com a tão pertinente temática da ecologia.
Em relação aos restantes… é para já segredo.
Que no domingo será desvendado…