Compromisso de pagamento no prazo acordado: Uma Cultura de Pagamentos Atempados
21.12.2011
A ACEGE no âmbito do programa "ACONTESER", encomendou um estudo coordenado por Augusto Mateus:
“Compromisso de pagamento no prazo acordado: uma cultura de pagamentos atempados”
O estudo sugere um conjunto de desafios para “ajudar a criar uma mudança na cultura de pagamentos vigente, mudança essa que poderá gerar, como apontam as conclusões, “um impacto fortemente dinamizador na economia portuguesa”.
Algumas notas:
- Metade dos pagamentos é feito com atraso;
- No universo empresarial português, cerca de 44% da facturação é paga em atraso. Nas PME, cerca de 47% dos pagamentos são feitos depois do prazo acordado;
- Os prazos degradaram-se 12 dias desde 2006, de 68 para 80 dias;
- O agravamento dos prazos médios de pagamento nos últimos cinco anos representam um desvio de capital disponível da função investimento para a função de apoio à tesouraria. É um travão aos ciclos de negócio que retarda a actividade económica e quebra a confiança nas transacções entre empresas;
- O impacto acumulado dos atrasos desde 2006 equivale a 2% do PIB;
- O efeito acumulado do agravamento dos prazos ao longo dos últimos cinco anos equivale a quebras superiores a 13,3 mil milhões de euros do valor bruto da produção e a 2,8 mil milhões de euros do valor acrescentado bruto;
- Atrasos destroem mais de 14 mil empregos por ano;
- O efeito acumulado do agravamento dos prazos de pagamento/recebimento ao longo dos últimos cinco anos equivale a uma quebra de 72 mil empregos. Desde 2006, a quebra média anual supera os 14 mil empregos;
- Potencial da aplicação da nova Directiva supera 120 mil empregos;
- A redução imediata do prazo de pagamento das transacções comerciais para os 60 dias impostos pela nova Directiva pode gerar mais de 120 mil empregos, 22 mil milhões de euros do valor bruto de produção e 4,8 mil milhões de euros do valor acrescentado bruto, o que representa 3,24% do PIB;
- O volume de pagamentos em atraso atinge um terço da produção;
- Os atrasos nos pagamentos representam um terço do PIB Português de 2010 e três quartos do total do montante de assistência financeira União Europeia / FMI a Portugal;
- O investimento encolheu 23% na última década;
- Entre 2000 e 2010, a Formação Bruta de Capital Fixo caiu 23% em Portugal, traduzindo a evidente deterioração das expectativas do meio empresarial quanto à evolução da procura interna e externa, a elevada incerteza e o risco associados às decisões de investimento e às condições mais restritivas de acesso ao crédito;
- Dificuldades no acesso ao crédito estão a asfixiar as PME;
- O crédito às empresas caiu em 2010, o que não sucedia desde 2002. Está em marcha uma profunda reavaliação das condições de acesso ao crédito que, aliada a outras condições conjunturais, sufoca as pequenas e médias empresas;
- O sector público é o que mais paga atrasado;
- O sector público é o principal catalisador do alargamento dos prazos médios de pagamento, com destaque para Itália (180 dias), Espanha (153 dias) e Portugal (139 dias);
- Os incobráveis aumentaram 14% no último ano;
- Os créditos que não serão recebidos atingiram €4.000 milhões, equivalendo a 80% da mais recente tranche da assistência financeira União Europeia/FMI a Portugal;
- O número de empresas insolventes aumentou 23% desde 2009;
- Nos primeiros oito meses de 2011 o número de empresas insolventes ascendeu a 3.000, o que compara com 2.400 no mesmo período de 2009;
- Os pagamentos em atraso geram estrangulamentos financeiros;
- 34% das empresas inquiridas necessitam de recorrer a crédito bancário e outros instrumentos financeiros, 29% paga com dificuldades a fornecedores e 24% cai em situação de estrangulamento operacional;
- Os pagamentos em atraso bloqueiam o emprego e o investimento;
- A estratégia de gestão de tesouraria de mais de metade das empresas inquiridas passa por adiar a contratação de recursos humanos e possíveis investimentos;
- A cultura empresarial privilegia a manutenção da relação comercial com o devedor;
- Quatro em cada cinco empresas inquiridas não cobram juros de mora aos clientes que pagam em atraso;
- Os pagamentos em atraso geram um círculo vicioso;
- Dois terços das empresas inquiridas (63%) apontam o recebimento em atraso dos clientes como causa do pagamento fora do prazo acordado aos seus fornecedores.
Para mais informações consulte o link: www.ver.pt
ACEGE—Associação Cristã de Empresários e Gestores
Tel: 217 941 323 | E-mail: acege@acege.pt