Torres Vedras

Exposição sobre a presença agostiniana em Portugal foi inaugurada no Museu Municipal

09.10.2024

Imagem da visita-guiada de inauguração da exposição no Museu Municipal

Uma exposição sobre a presença da Ordem de Santo Agostinho em Portugal foi inaugurada no passado dia 4 de outubro no Museu Municipal Leonel Trindade.

Trata-se de uma exposição itinerante da responsabilidade daquela ordem religiosa, a qual teve a sua primeira apresentação em fevereiro e conhece agora em Torres Vedras o final do seu périplo, segundo explicou o frei João Miguel Russo Silva no ato inaugural da mostra no Museu Municipal.

Nesse ato proferiram também intervenções a vereadora da Cultura da Câmara Municipal, Ana Umbelino, e o cardeal patriarca emérito de Lisboa, o torriense D. Manuel Clemente, que abordaram nas mesmas a presença histórica da Ordem de Santo Agostinho no território torriense, a qual remonta à Idade Média, e está relacionada com a existência do convento velho de Penafirme (situado perto da praia de Santa Rita, cujo século de construção é incerto, podendo ser o século IX ou o XII) e do convento velho de Torres Vedras (cuja edificação aconteceu na Várzea Grande, defronte da Igreja de Santiago, no século XIV). Refira-se que ambas as construções foram abandonadas devido a fenómenos naturais nefastos: o convento velho de Penafirme devido ao terramoto e maremoto de 1755, tendo nessa sequência sido edificado o convento de Nossa Senhora da Graça de Póvoa de Penafirme; e o convento velho de Torres Vedras (onde, sublinhe-se, viveu São Gonçalo de Lagos) devido às frequentes cheias que ocorriam no rio Sizandro, o que levou à edificação no século XVI do atualmente existente Convento de Nossa Senhora da Graça de Torres Vedras no espaço do hospital de Santo André. Com a expulsão de Portugal das ordens religiosas, em 1834, os conventos da Graça de Póvoa de Penafirme e de Torres Vedras foram adquiridos por particulares, tendo este primeiro voltado à posse da Igreja Católica no século XX e o segundo sido adquirido ainda no século XIX pela Câmara Municipal. É, de resto, em espaço deste último convento que está patente a exposição Passado, Presente e Futuro da Ordem de Santo Agostinho em Portugal.  

Também na inauguração desta exposição no Museu Municipal, Ana Umbelino e D. Manuel Clemente frisaram o papel não apenas religioso, mas também educacional e cultural que a Ordem de Santo Agostinho teve na então vila de Torres Vedras entre os séculos XIV e XIX.

Na sua alocução, D. Manuel Clemente também aproveitou para relembrar dois frades agostinianos torrienses que se destacaram por diferentes motivos: frei Eugénio Trigueiros, nascido em Torres Vedras, que foi bispo de Macau e arcebispo de Goa no século XVIII; e frei Francisco da Apresentação, natural de Runa, que foi martirizado em África (provavelmente em território atualmente pertencente ao Botswana), igualmente no século XVIII.

Ainda na intervenção que proferiu na inauguração da exposição Passado, Presente e Futuro da Ordem de Santo Agostinho em Portugal no Museu Municipal, Ana Umbelino relevou a atenção que o Município tem dado à presença agostiniana em território torriense, tendo a esse propósito recordado a apresentação também no Museu Leonel Trindade, em 2011 e 2012, da exposição O Convento da Graça e a Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho: Oito Séculos de História.

Após o momento de alocuções, a inauguração no Museu Municipal da exposição sobre a presença agostiniana em Portugal prosseguiu com uma visita-guiada à mesma, a qual foi orientada por frei João Miguel Russo Silva. Nessa visita, este sacerdote da Ordem de Santo Agostinho abordou a implantação desta ordem religiosa em Portugal durante a Idade Média, a sua expulsão com o advento do liberalismo e o seu regresso a território nacional há cinquenta anos atrás, um facto que tem estado a ser comemorado com a apresentação em diversos locais do país da exposição Passado, Presente e Futuro da Ordem de Santo Agostinho em Portugal.

De referir que a apresentação desta mostra em Torres Vedras acontece com o apoio da Câmara Municipal. A mesma pode ser visitada gratuitamente no Museu Municipal até ao próximo dia 1 de dezembro. 

Última atualização: 13.11.2024 - 13:45 horas
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