Filomena Cerdeira
01.06.2019
A Oeste Infantil, a grande festa onde os mais pequenos podem brincar num mundo totalmente criado à sua medida, decorreu entre 28 de maio e 1 de junho.
No ano em que a Oeste Infantil celebra 30 edições, a comunidade educativa partilhou a sua visão sobre a Grande Festa da Criança.
Nesta última entrevista conversámos com Filomena Cerdeira, professora aposentada do Instituto Superior de Ciências Educativas.
Como começou a sua experiência com a Oeste Infantil?
A minha experiência com a Oeste Infantil começou com o pedido de colaboração por parte da organização da Oeste Infantil, transmitido através de uma aluna que eu tinha. Ela trouxe-me o pedido, conversei com a direção do Instituto Superior de Ciências Educativas (ISCE) e decidimos colaborar. Nesse primeiro ano, as estagiárias estavam a colaborar nos diversos ateliês e eu estava lá a acompanhar essa participação. [...] Lembro-me de organizarmos o banco e foi uma coisa giríssima, porque nunca tinha sido feito e tínhamos mesmo cá fora uma agência bancária onde as crianças recebiam dinheiro fictício.
Qual foi o impacto da Oeste Infantil nos seus alunos?
Foi aprendizagem, para saberem estar noutros espaços que não os do ISCE, com outras pessoas, com instituições diversificadas. E isso também as ajuda depois, na vida futura. Porque, de facto, quando elas vão trabalhar encontram instituições que não têm nada a ver com aquelas onde estagiaram. O facto de partilharem várias instituições deu-lhes uma abertura e, se calhar, uma forma de estar mais aberta e mais disponível para receber as outras instituições. Acho que as alunas souberam portar-se à altura ao longo do seu percurso todo na Oeste Infantil, que foi longo, desde 1991 até 2014. Eu participei ativamente em todos os anos, menos em 1992, ano em que nasceu o meu filho, apesar de ter participado na organização.
Como vê o desenvolvimento da Oeste Infantil ao longo dos anos?
Ai, foi um desenvolvimento enorme, enorme, enorme! Na primeira vez em que participei na Oeste Infantil, os ateliês eram cá ao fundo, onde agora há aquele edifício das empresas [CAERO], ao fundo da Várzea. A Oeste era mais para o lado da serra, em terra batida. Quando chovia, ficava tudo um lamaçal de não se poder entrar lá dentro. Mas as pessoas iam, estavam e partilhavam com o mesmo entusiasmo. Eu acho que o entusiasmo foi sempre o mesmo, das crianças e das instituições que participavam. Agora em termos das condições, da possibilidade de ter outros recursos, as coisas evoluíram muito, muito mesmo.
Qual é a importância deste tipo de eventos no crescimento e desenvolvimento de crianças e jovens?
É muito importante, porque eles vivem experiências na Oeste Infantil que, quer na escola quer no jardim de infância, não têm oportunidade de viver. Claro que não quer dizer que eles não possam viver algumas, mas a grande maioria das experiências que vivem é naqueles dias. Eles próprios dizem que vão embora, mas ficaram sem ir ver "não sei quantos" ateliês e queriam ter ido. E dando o exemplo do meu filho, ele dizia “Que pena eu ter crescido, porque agora já não consigo entrar nos ateliês. Já não me deixam entrar porque já não tenho idade.” Mas ainda quando era mais novo, um dia vínhamos da Oeste Infantil e já era meia-noite e tal quando terminava a Oeste, no último dia, e ele diz: “Oh mãe! Os três dias que eu mais gosto no ano são o dia dos meus anos, o Natal e a Oeste Infantil”. Portanto, ele colocava os três no mesmo patamar: o dia dos anos dele, o Natal e a Oeste Infantil.
Aprendeu alguma coisa com a Oeste Infantil?
Aprendi muito nos vários ateliês. Se calhar até foi para mim uma mais valia para poder organizar. No primeiro ano foi um "bocadinho" difícil, mas à medida que os anos avançavam, a experiência era um suporte para o ano seguinte. E aprendi muito em termos de organização. A experiência enriqueceu-me, mas às alunas também. Elas gostavam imenso de ir e quando vinham de lá diziam que tinham aprendido muito e que tinha sido muito importante ir à Oeste Infantil.
Qual é a mais valia da Oeste Infantil?
A grande mais valia é proporcionar às crianças aqueles dias maravilhosos. Porque tal como o meu filho vivia a pensar na Oeste Infantil, de certeza que as outras crianças também pensam. E elas vão com as escolas, mas não abdicam de ir com os pais ao fim de semana. Portanto, isso quer dizer que as crianças estão ali a viver ativamente aquilo.