Helena Figueiredo
01.06.2019
A Oeste Infantil, a grande festa onde os mais pequenos podem brincar num mundo totalmente criado à sua medida, decorreu entre 28 de maio e 1 de junho.
No ano em que a Oeste Infantil celebra 30 edições, a comunidade educativa partilhou a sua visão sobre a Grande Festa da Criança.
Nesta entrevista conversamos com Helena Figueiredo, coordenadora do Centro Educativo de Ponte do Rol.
Como é que um educador vive a Oeste Infantil?
Vive com um grande envolvimento, no sentido de tentar levar para lá determinados projetos, que são depois trabalhados em contexto de agrupamento, de escola. De forma a dar possibilidades a diversas crianças de outros agrupamentos, outras escolas, outros concelhos, de poderem experimentar formas de trabalhar, projetos...
Qual é o impacto da Oeste Infantil na comunidade escolar?
O trabalho que se faz na Oeste Infantil é um trabalho muito árduo. Os professores trabalham muitas horas fora do seu tempo letivo. Mas é sempre com gosto, é uma partilha de saberes entre todos. No final tudo se concretiza e depois [é] só ver aquelas crianças a correrem por ali e sentirem aquela felicidade. Automaticamente, acabamos por não perder aquelas horas, mas ganhámos todos.
Como começou o seu envolvimento com a Oeste Infantil?
O meu envolvimento foi desde o início da Oeste Infantil. Trabalho há 34 anos, trabalhei nove anos numa IPSS [Instituição Particular Solidariedade Social], sempre fui coordenadora dessa instituição, e tínhamos mensalmente reuniões com todas as educadoras. E na altura penso que só existia, “aqui à volta”, a Xira Infantil. E em reuniões de coordenação pensámos “Vamos, todos os anos, deslocar-nos à Xira Infantil. Porque é que não vamos pensar numa feira deste tipo ?” E assim foi.
Qual era o objetivo da Oeste Infantil?
O facto de fazermos a Oeste Infantil era uma forma de as pessoas perceberem a importância do pré-escolar e os projetos que ali se desenvolvem extremamente importantes. Portanto, a Oeste Infantil era uma grande oportunidade para as crianças se poderem expressar, para os educadores poderem mostrar o que é que realmente existe, o trabalho tão importante para a educação das crianças. No fundo, a visibilidade da importância da educação pré-escolar e, por outro lado, as famílias e as crianças poderem estar em constante contacto com essa realidade.
Como foi a experiência de pertencer à Comissão Coordenadora da Oeste Infantil?
Foi difícil, mas muito, muito, gratificante. Era muito importante nós pegarmos no projeto e irmos para a frente. Os obstáculos surgiram - e foram muitos -, mas nós conseguimos superar. E assim foi, ficámos ainda mais fortes.
Viveu algum episódio que a tivesse marcado?
Eu tenho uma experiência que me marcou na primeira Oeste Infantil. Trouxemos de Paio Correia um professor de equitação, cavalos, e fizemos uma horta. Tínhamos pais [que eram] agricultores e que nos ajudaram a concretizar a parte da “hortinha”. […] E eu lembro-me perfeitamente que eram filas intermináveis de pais com crianças, porque todas queriam dar a volta a cavalo. A certa altura o cavalo, coitado, já cansado, suava “por todos os lados” e o senhor dizia “Por favor temos de parar, temos de parar!” E as pessoas, muito zangadas: “Mas nós viemos do Varatojo a pé! Viemos da Serra da Vila!” Era uma novidade completa. Foi assim uma coisa… Confesso que foi o que mais me marcou.
Já aprendeu alguma coisa com a Oeste Infantil?
É evidente que sim. Não só entre colegas, porque essa era uma das grandes vantagens da Oeste Infantil. Só o facto de nos sentarmos a pensar como é que havíamos de fazer, como é que fazíamos, as ideias de um, as ideias do outro… E não só. Depois, a diversidade de crianças do norte a sul do país com os seus saberes, com a sua forma de estar, com o seu carinho. Alguns completamente com "a boca aberta", porque aquilo era um mundo que nem sequer imaginavam que existia. Portanto, aprender com eles, aprender com as formas de estar das pessoas. Mesmo das menos positivas, também tiramos sempre aprendizagens.
Este evento tem impacto no crescimento e desenvolvimento das crianças e dos jovens?
É um espaço lúdico-pedagógico. No fundo, é uma amostra do trabalho que se faz nas escolas e nos jardins de infância. O facto de as crianças poderem passar por lá acaba por ser mais uma troca de partilhas. No fundo, são aprendizagens em diferentes contextos culturais.
Qual a principal mensagem que deve ser transmitida às crianças?
Penso que a Oeste Infantil é uma oportunidade que estamos a dar, por um lado, às pessoas, à comunidade, de [mostrar] que se faz um excelente trabalho nas escolas, que as escolas estão cada vez mais abertas ao exterior. Por isso, queremos e gostamos da participação da comunidade e das famílias. E, por outro lado, é uma oportunidade que também estamos a dar às crianças de saírem do seu espaço.
Como vê a Oeste Infantil no futuro?
Penso que se calhar estava na altura de todos os envolvidos neste processo pararem e conversarem muito bem. Se queremos uma Oeste Infantil temos de dar uma volta diferente, para que as pessoas ganhem de novo entusiasmo e aquela garra que as pessoas tinham continue.