II Academia de Política Cigana decorreu em Torres Vedras
02.05.2018
O Torres Vedras LabCenter acolheu, durante o último fim de semana, a II Academia de Política Cigana de Portugal. A iniciativa, organizada pelo Conselho da Europa em parceria com a Associação Cigana – Letras Nómadas, reuniu 30 pessoas de etnia cigana de diferentes regiões do país para discutir o envolvimento e participação daquela comunidade na vida política nacional.
A sessão de abertura contou com a participação de Rosa Monteiro, secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, que não deixou dúvidas: “todos vocês são grandes políticos.” Carlos Bernardes, presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, reforçou esta ideia afirmando que “tudo o que fazemos é política” e lembrando que “a luta é constante naquilo que são os desafios da nossa vida.”
O edil lembrou que Torres Vedras tem feito “um caminho de referência” no sentido da capacitação política das comunidades ciganas e do reforço do seu associativismo. Uma noção reforçada por Marcos Andrade, coordenador de programas do Conselho da Europa, que sublinhou que Torres Vedras se destaca no trabalho para a integração das comunidades ciganas. À abertura seguiu-se a primeira sessão desta Academia, dinamizada por Alexandra Castro, com a investigadora a falar sobre políticas de habitação.
O dia que se seguiu contou com um dos momentos mais esperados do fim de semana: se Catarina Marcelino, membro do Parlamento Português, falou sobre a importância de uma estratégia para a intervenção política, seguiu-se Carlos Miguel, secretário de Estado das Autarquias Locais, que falou do percurso que o levou a presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras e a membro do atual Governo.
“É um cigano que lá está” recordou Carlos Miguel sobre o que ouvia após ter sido eleito. Uma frase que, após ter desenvolvido um contacto próximo com as populações, se havia de transformar em afirmações como “afinal o cigano é como nós”. Recorrendo a Sérgio Godinho, o secretário de Estado lembrou que “a vida é feita de pequenos nadas” e incitou os membros da Academia a envolverem-se ativamente na vida do meio em que vivem.
Seguiu-se uma apresentação feita pelas alunas de dança cigana da Associação Musical MúsicÀlareira, que mostraram o que melhor sabem fazer ao som de “Volare” dos Gipsy Kings. A II Academia de Política Cigana de Portugal ficou ainda marcada pela presença de Juan de Dios Heredia, presidente da União Romani e antigo deputado e eurodeputado cigano espanhol, que Carlos Bernardes lembrou ter escrito “pelo seu punho” a Constituição Espanhola.
O grupo de oradores que passou pelos três dias da Academia contou ainda com Cayetano Fernández, investigador cigano do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que falou sobre autonomia política e emancipação romani.