Johny Vieira
01.07.2022
“Surf e Arte”. É este o conceito do trabalho de Johny Vieira, artista oriundo de Santa Cruz, que tem tido trabalhos seus expostos no Espaço Aguarela, no âmbito de uma mostra intitulada, precisamente, Surf, que decorre desde o dia 16 de junho e prolongar-se-á até ao final de julho.
Nascido em 1987, começou por estabelecer, desde os 13 anos, uma relação muito particular com o mar por meio da prática do seu desporto favorito. “O surf tem sido um fio condutor na minha vida, trazendo alegrias, aprendizagens, oportunidades, amizades, inspiração e muito mais”, explica Johny Vieira.
A certa altura surgiu a vontade de expressar o que o mar o fazia sentir, tendo iniciado um caminho autodidata, com a criação de esculturas de ondas em gesso. De referir que ao início da sua incursão pela área artística não foi alheia a influência de uma pessoa muito próxima: a sua irmã, a artista Fanny Vieira.
Sentindo necessidade de mudar a sua forma de expressão artística, Johny Vieira ingressou em 2017 numa escola técnica de desenho e pintura, situada em Torres Vedras, orientada pelo artista e professor uruguaio Duran Castaibert. Foi aí que descobriu a técnica da aguarela, aquela que mais tem utilizado, e com que mais se identifica.
Atualmente é artista a tempo inteiro e, para além de se dedicar à execução de pinturas em aguarela, orienta também workshops, alguns deles destinados a turistas estrangeiros que se deslocam à região para, simultaneamente, aprender a praticar surf.
Associado à prática do surf, as viagens têm sido também uma fonte de inspiração para o trabalho de Johny Vieira: “Gosto muito de viajar, procurar zonas de surf fora daqui, e muita da inspiração vem daí, de zonas de água quente, tropicais, com muitas palmeiras. Essas zonas tocam-me mais do que a costa portuguesa, porque não gosto de ver construção humana nas minhas pinturas, gosto de ver apenas a natureza, com o elemento humano”.
Dos artistas que influenciam o seu trabalho, Johny Vieira destaca Eudes Correia, um aguarelista brasileiro que vive atualmente em Lisboa. “Sempre gostei muito do traço dele, do toque entre o muito real e o muito abstrato, em termos de pinceladas e gotas. É um pintor muito completo em todo o tipo de contrastes”, refere o artista santacruzense, que confessa que é também influenciado por outros artistas, não aguarelistas, que abordam nos seus trabalhos a temática do surf e do mar.
Relativamente ao seu processo criativo, Johny Vieira explica que “há trabalhos que faço a partir da minha imaginação, e outros em que uso a fotografia como base de referência, embora nunca pinte a fotografia em si. Uso-a para tirar medidas anatómicas, posturas, e a partir daí trabalho a pintura. No início faço sempre uns ensaios, para estudar cores, composição, e a partir de certo ponto é que trabalho na pintura em si”.
Johny Vieira iniciou o seu percurso expositivo em 2020, primeiro com trabalhos seus integrando exposições coletivas (na Lourinhã e na Ericeira) e, em 2021, realizando uma exposição individual em Santa Cruz (na Galeria Arte& Gin).
Olhando para o futuro, o artista revela que sente o desejo de “pintar algo que tenha uma mensagem para as pessoas, algo impactante, relacionado com problemas da sociedade, do mundo. Quero deixar de fazer coisas apenas bonitas, mas que tenham também mensagens fortes”, conclui.