Nuno Côrte-Real
02.11.2017
Nascido em Lisboa em 1971, o compositor e maestro Nuno Côrte-Real compõe as suas obras com base na palavra. Para ele a música é arte, é existir e é indissociável do ser humano. Os poetas e escritores são uma inspiração para a sua composição musical. É um desafio colocar-se na pele de quem escreveu, imaginar, sair de si próprio, adaptar-se, despersonalizar-se como se fosse heterónimos. Segundo ele há uma musicalidade nessa diversidade. Cada um tem uma sintonia, um ritmo diferente, que vêm da mesma mente, da mesma pessoa e cada um tem a sua autenticidade e veracidade.
Há uma ideia literária, dramática, cénica por trás da sua obra. Lê e escreve-a na partitura, tal como a sente.
Tem vindo a afirmar-se como um dos mais importantes compositores e maestros portugueses da atualidade. Das suas estreias destacam-se 7 Dances to the death of the harpist na Kleine Zaal do Concertgebouw em Amsterdam, Pequenas músicas de mar na Purcel Room em Londres, Concerto Vedras na St. Peter’s Episcopal Church em Nova York, Novíssimo Cancioneiro no Siglufirdi Festival em Reikiavik, e Andarilhos - música de bailado na Casa da Música no Porto.
Como maestro, Nuno Côrte-Real tem dirigido regularmente orquestras como a Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquesta Ciudad Granada, Real Filharmonía de Galicia, Orquesta de Extremadura, Orquestra Fundación Excelentia (Madrid), Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra do Norte, Orquestra do Algarve, Orquestra Filarmonia das Beiras, Orchestrutopica. Em junho de 2015, apresentou-se pela primeira vez na sala sinfónica do Auditorio Nacional de Madrid, em Espanha. É fundador e diretor artístico do Ensemble Darcos, grupo de música de câmara que se dedica à interpretação da sua música e do grande repertório europeu, e assina artisticamente a Temporada Darcos. Tem participado em vários festivais internacionais de música, onde se destacam os de Sintra, Estoril/Lisboa e de Póvoa de Varzim, e dirigido solistas tais como Artur Pizarro, Massimo Spadano, Nicola Ulivieri, Ana Quintans, Dora Rodrigues, Alexey Sychev, Filipe Pinto Ribeiro, Adriano Jordão, Filipe Quaresma e Luís Rodrigues, entre outros. Foi bolseiro do Centro Nacional de Cultura, e em 2003 foi-lhe atribuída a medalha de Mérito Grau Prata da Câmara Municipal de Torres Vedras.
Compõe ópera contemporânea em português, o que ilustra a sua ideia de que não é o facto de sermos um território pequeno que faz com que não façamos boas e grandes coisas. Considera que há que ser ousado e fazer a diferença nessa ousadia. Arriscar! Para ele, Torres Vedras é uma cidade pequena e essa pequenez tem o seu valor, há que a assumir e mostrá-la, oferecer o que ela faz bem e o que tem de bom.
O seu projeto Ensemble Darcos conta com o apoio de algumas instituições e tem já uma presença na música portuguesa. Teve a Cidade de Torres Vedras como grande suporte dessa visibilidade com a Temporada Darcos, projeto que seduz e atrai vários grandes nomes de referência da música a Torres Vedras e dá a conhecer o encanto da grande pequenez desta cidade, a sua beleza.
Para Nuno Côrte-Real, o impacto que a sua música tem nas pessoas é muito importante. É importante perceber que a sua obra toca as pessoas, lhes provoca sensações e emoções. Recorda, por exemplo, como foi tocante, no final da ópera Banksters, verificar que algumas pessoas o abordaram comovidas.
Com pena, afirma que a música clássica em Portugal tem pouco peso, mas a sua atitude é dar um contributo para mudar essa realidade. Considera que a ópera é um bom meio para o fazer, porque tem impacto e para mudar algo é importante impactar as pessoas. É assim que se começa a fazer a diferença!