Padre Joaquim Maria de Sousa
21.08.2024
Junto à Rua Henriques Nogueira existe uma praceta onde é visível um busto de uma personalidade que dá nome a essa mesma praceta. Diariamente são muitos os transeuntes que passam junto ao local, porventura desconhecendo quem é o homenageado no mesmo. Trata-se do padre Joaquim Maria de Sousa, figura incontornável da História de Torres Vedras do século XX, lembrado por norma com bastante carinho pelos torrienses de uma idade mais avançada. Com saudosismo até. Mas quem foi o padre Sousa?
Nascido a 10 de setembro de 1914 na Atouguia da Baleia (localidade situada no vizinho concelho de Peniche), Joaquim Maria de Sousa entrou aos 12 anos para o seminário, tendo recebido a ordenação sacerdotal a 4 de julho de 1937. Ainda nesse ano, a 8 de setembro, é nomeado coadjutor das paróquias de A dos Cunhados e Vimeiro, bem como da Paróquia de Santa Maria do Castelo e São Miguel e da Paróquia de São Pedro e Santiago, fixando residência em Torres Vedras, onde permaneceria durante praticamente quatro décadas. Após o falecimento do padre Jacinto Pio Sobreiro é nomeado, a 22 de janeiro de 1939, pároco daquelas duas últimas paróquias, sendo que, dois anos depois, a 1 de outubro de 1941, é eleito vigário da Vara de Torres Vedras.
A simplicidade, a pobreza e a humildade marcaram a vida pastoral do padre Joaquim Maria de Sousa, ao longo da qual esteve envolvido em diversos movimentos e organizações, como a Juventude Operária Católica, o Património dos Pobres, o Socorro Operário, o Corpo Nacional de Escutas, a Conferência de São Vicente Paulo, o Apostolado de Oração, a Cruzada Eucarística e os Cursos de Cristandade. O seu espírito caritativo, visível já na sua ligação a algumas destas realidades, foi também constatável na sua dedicação ao Asilo de São José, atual Lar de São José, cuja direção assumiu em 1940.
O padre Joaquim Maria de Sousa foi também um promotor do desenvolvimento educativo de Torres Vedras, sendo a esse propósito de referir as suas diligências para a criação da Escola Industrial e Comercial de Torres Vedras (atual Escola Secundária Henriques Nogueira), o que aconteceu em 1957. A sua atividade na área do ensino foi no entanto mais lata, já que foi professor na Escola Secundária Municipal (hoje Escola Secundária Madeira Torres), onde lecionou com métodos pedagógicos inovadores para a época.
A atividade do padre Sousa estendeu-se também à área da comunicação social, tendo fundado em 1948 o jornal Badaladas, o qual tem a sua génese num boletim paroquial. Com o intuito de dar apoio a esse jornal e de proporcionar outras publicações enquadradas nos valores do Cristianismo funda ainda a Tipografia e Livraria Gráfica Torriana.
O seu envolvimento na vida comunitária levou-o ainda a ser membro das comissões municipais de Assistência e de Arte e Arqueologia.
A comunidade torriense reconheceu atempadamente o legado do padre Joaquim Maria de Sousa, que, a 22 de junho de 1962, recebeu a medalha de ouro de Torres Vedras e, a 24 de outubro de 1967, o título de cidadão honorário de Torres Vedras.
Receberia ainda, em 1978, a medalha de Ouro (duas estrelas) da Liga dos Bombeiros Portugueses.
Nessa altura já tinha deixado de ser pároco das duas paróquias de Torres Vedras (o que acontecera a 26 de novembro de 1967) e vigário da Vara de Torres Vedras (o que acontecera em 1971) e tinha sido acometido da doença que o vitimaria.
No mesmo ano em que essa enfermidade se revela (1976) o padre Joaquim Maria de Sousa regressa à sua terra natal, mas seria em Torres Vedras, mais concretamente no Lar de São José, que viria a falecer a 6 de novembro de 1987.