Recomendações para o novo ano Hidrológico
03.11.2017
O mês de Outubro, caracterizado pela altura do ano em que as reservas hídricas atingem o seu mínimo e em que o período mais chuvoso se inicia, representa o começo de um novo ano hidrológico. Assim, ao iniciar-se o novo ano hidrológico, o Serviço Municipal de Proteção Civil recomenda a tomada de algumas medidas de precaução.
1. INSTABILIDADE DE TALUDES OU DESLIZAMENTOS MOTIVADOS PELA PERDA DE CONSISTÊNCIA DO SOLO
1. Acautelar por parte dos agricultores aquando da preparação dos terrenos, os devidos sistemas de drenagem superficiais, nomeadamente a criação e abertura de valas drenantes em zonas de maior declive, orientadas às curvas de nível e direcionadas a uma regueira de cabeceira;
2. Identificação dos taludes de maior inclinação, onde mais abruptamente pode ocorrer uma rutura;
3. Observação do funcionamento das estruturas de escoamento e das estruturas de suporte para a estabilização de taludes (cortinas de cimento, gabiões de proteção, redes de proteção, etc.);
4. Especial atenção aos taludes onde ocorreram incêndios florestais que, no caso de perda do coberto vegetal e, consequentemente perda de consistência, estão mais propícios a movimentos de massa.
Tem-se constatado de há uns anos a esta parte que as técnicas de preparação de terrenos para efeitos agrícolas têm revelado várias lacunas, designadamente a falta de criação de sistemas de drenagem superficial de águas pluviais. Este facto, associado ao declive dos terrenos, à ocorrência de períodos de chuva intensa e à saturação dos solos, geram instabilidade e, consequentemente, a ocorrência de deslizamentos de terras.
Por sua vez, estes fenómenos vão originar a obstrução das vias de trânsito, impedindo que a circulação rodoviária decorra dentro da normalidade, sendo necessário em alguns caso proceder à interdição total ou parcial dessas mesmas vias. Por outro lado, os deslizamentos de terras provocam o entupimento das valetas e aquedutos, dificultando o escoamento das águas pluviais para os devidos sistemas de drenagem, agravando assim as inundações inevitavelmente inerentes aos períodos de chuva intensa.
Sendo o concelho de Torres Vedras um território com certa de 407 km2, o maior do distrito de lisboa, com uma ativa e vasta atividade agrícola/hortícola, é natural que o risco de deslizamento de terras provenientes deste tipo de situações seja elevado, pelo que ser torna fundamental assegurar um conjunto de medidas de precaução por forma a evitar o agravamento deste risco e das suas consequências.
Neste sentido, apela-se a todos os agricultores e trabalhadores agrícolas que assegurem que os trabalhos de preparação do solo decorram de acordo com as boas práticas estabelecidas para esta atividade, tendo especial atenção, entre outros, para a importância da mobilização dos solos ser efetuada segundo as curvas de nível (na mesma cota), e para a criação ao longo do terreno de valas drenantes, direcionadas a uma regueira de cabeceira.
2. INUNDAÇÕES EM ZONAS URBANAS, CAUSADAS POR ACUMULAÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS
1. Verificação da funcionalidade dos sistemas de drenagem;
2. Limpeza e desobstrução de sumidouros, sarjetas, valetas e outros canais de drenagem, removendo folhas caídas das árvores, areias e pedras que ali se depositaram previamente à época das chuvas;
3. Desobstrução dos sistemas de escoamento de águas pluviais dos quintais ou varandas, e à limpeza de bueiros, algerozes e caleiras dos telhados das suas habitações.
3. ARRASTAMENTO PARA A VIA PÚBLICA DE OBJETOS SOLTOS, OU AO DESPRENDIMENTO DE ESTRUTURAS MÓVEIS OU DEFICIENTEMENTE FIXADAS, POR EFEITO DE EPISÓDIOS DE VENTO FORTE:
1. Verificação de todas as estruturas que, pelas suas características (dimensão, formato, altura desde o solo, resistência ao vento), possam ser facilmente arrastadas ou levantadas dos seus suportes, procurando garantir que resistam aos ventos fortes.
2. Nos casos em que tal seja impossível, assegurar a facilidade de remover/desmontar essas estruturas, guardando-as em locais seguros sempre que se prevejam/ocorram ventos fortes.
4. CHEIAS MOTIVADAS PELO TRANSBORDO DO LEITO DE ALGUNS RIOS
1. Desobstrução de linhas de água principalmente junto a pontes, aquedutos e outros estrangulamentos do escoamento;
2. Limpeza de linhas de água assoreadas;
3. Evitar cortes rasos de material lenhoso ardido em situações de declive intenso, localizados nas proximidades das linhas de água;
4. Recolha ou trituração dos resíduos de atividades agrícolas e florestais existentes nas margens das linhas de água;
5. Reparação de desmoronamentos nas margens das linhas de água, de modo a evitar obstruções ou estrangulamentos.
Recorda-se que a limpeza dos troços de linhas de água localizadas fora dos aglomerados populacionais é da responsabilidade dos proprietários dos terrenos confinantes com essas mesmas linhas de água.
A ação preventiva constitui a estratégia mais eficaz para minimizar os efeitos deste tipo de eventos, devendo cada indivíduo assumir a sua cota de responsabilidade.