Resposta do Membro da Assembleia Municipal, Marco Claudino, ao Presidente da Câmara Municipal
23.09.2011
O SOCIALISMO DURA ATÉ ACABAR O DINHEIRO DOS OUTROS
Sob capa de esclarecimento, relativamente à aquisição das "Bicicletas", veio o Sr. Presidente da Câmara acusar-me de, com dolo e má fé, omitir, mentir e ainda fazer baixa política. Pelo nível do escrito, se percebe que o texto de esclarecimento pouco teve.
Com tranquilidade vamos tentar verdadeiramente esclarecer este e outros assuntos. Reportanto-se ao meu artigo no exíguo espaço atribuído ao PSD na Revista Municipal (a qual custa €200.000/ano à CMTV e cuja extinção permitiria a manutenção dos passes escolares abolidos pela maioria socialista), no qual me limitei a fazer uma pergunta, o Dr. Carlos Miguel (cujo nome não omito), afirma que: "não é legítimo que Autarcas venham dizer que o Município vai gastar 370.000 € ou 380.000 € nesse mesmo programa, quando tal não é verdade". Nunca afirmei que tal montante sairia dos cofres do Município. Trata-se, portanto, de uma inverdade e desafio-o publicamente a desmentir-me.
Acusa-me ainda de ter omitido que os €368.000 que serão gastos na aquisição das bicicletas e estações serão comparticipados em 70% por fundos comunitários. Três breves reflexões sobre essa questão: a primeira, sob forma de pergunta: não omitiu o Sr. Presidente o custo anual que a CMTV terá de suportar (a 100%) pela manutenção das bicicletas e suas estações? É fundamental saber se a CMTV terá condições para comportar esse custo. Já temos espaços verdes afectados pela necessidade de poupança de água. Teremos bicicletas inactivas por falta de verbas para reparação? Em segundo lugar, quando no seu Programa Eleitoral o Sr. Presidente afirma que o PS fez a Escola A, B ou C, ou quando afirma "o meu Mercado", não me recordo de encontrar qualquer esclarecimento sobre qual a percentagem das "suas" obras entende afinal não serem suas, mas antes resultantes de Fundos Comunitários. Quando convém refere-se, quando não convém omite-se. Conforme toca a música baila o Sr. Presidente. Nada coerente. O último ponto refere-se à visão socialista do dinheiro. O entendimento de que podemos ser menos responsáveis quando se trata de fundos comunitários, por provirem "dos outros", é uma das razões para estarmos na crise em que estamos. Entendo que, em todos os momentos, os decisores políticos devem ser responsáveis pela boa gestão dos dinheiros públicos, provenham eles de onde vierem. Pois, na verdade, neste caso, como em todos, o dinheiro, ou a sua falta, afecta-nos sempre, mais cedo ou mais tarde. Esta realidade não foi compreendida pelo Eng. Sócrates, não o é pelo Dr. Carlos Miguel. Aqui há todo um caminho que nos separa.
Mas já que estamos a falar de omissões, registarei algumas mais. O Sr. Presidente, com certeza por esquecimento, omitiu o facto de, na mesma sessão de câmara em que foi aprovada a abertura do concurso público para a aquisição das bicicletas, a maioria socialista ter proposto e aprovado o aumento para a taxa máxima do IMI e da parte variável do IRS que ao Município cabe. Nem uma linha nos jornais. Nem uma conferência de imprensa. Nada. Esquecimentos. Relativizemos.
Também muito recentemente, foi publicado um estudo que comprovou o que de senso-comum já conhecíamos: o acesso à água em Torres Vedras é caro. É, aliás, o segundo mais caro do país. Recordei-me, a este propósito, de que há algum tempo, perante um estudo de igual dignidade, que veio atestar a boa qualidade da água Torriense, o SMAS, além de publicar no seu site, pagou, com dinheiro de todos nós, um anúncio neste jornal a dar conta desse facto. Agora, o Dr. Carlos Miguel, Presidente do Conselho de Administração do SMAS esqueceu-se de tomar semelhante atitude informativa. Esquecimentos...Uma vez mais, façamos um esforço para relativizar.
Contudo foi a parte final do texto do Sr. Presidente que quase fazia ultrapassar os meus largos limites de condescendência e relativização. Ampliando o ataque partidário, acusou-me de nem uma palavra ter dito sobre a desajustada Lei aplicável aos passes escolares, deixando subjacente (interpretação minha) que nada disse pelo facto de actualmente o PSD encontrar-se no Governo. É preciso descaramento. Então, a Lei que hoje se aplica não é exactamente igual à do ano passado? Pois, é. No entanto, imagine-se, se em 2010 (e nos anos anteriores) o Sr. Presidente nada disse relativamente a esse diploma e entendeu que a CMTV deveria comparticipar nos passes escolares, este ano não só não teve receio de criticar a Lei e o Governo como aboliu as comparticipações. Porque será?
Lamento que o Sr. Presidente de CMTV tenha entrado pelo caminho do insulto fácil, da falta de cordialidade e de uma forma de fazer política que, naturalmente, não posso acompanhar. Infelizmente já conhecemos o estilo. É assim nas Assembleias Municipais e foi assim durante a campanha legislativa, onde todo País teve a triste oportunidade de assistir à sua inqualificável reacção perante a contestação de alguns pais de alunos do Externato de Penafirme.
Tenho pena que assim aconteça. O nervosismo do Sr. Presidente não é bom para o debate sério e rigoroso. No entanto, basta analisar os Documentos de Gestão, onde se constatam os avultados prejuízos (ou resultados negativos) da Câmara Municipal para entender o porquê de tanto desassossego. Muito vezes se deve lembrar o Dr. Carlos Miguel das palavras de Margareth Tatcher: "o socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros".
Post-Scriptum: é incompreensível que o Sr. Presidente tenha recorrido ao site da CMTV para publicar o seu ataque partidário, confundido Câmara com Partido Socialista, num comportamento onde é useiro e vezeiro. O Gabinete de Comunicação (com 8 funcionários) teria com certeza informação mais pertinente para dar a conhecer. Alguma, como vimos acima, convenientemente omitida. Por isso, apenas por um princípio de resposta em iguais condições, solicitei que este meu texto também seja colocado no mesmo espaço.
Marco Henriques Claudino
Presidente do PSD de Torres Vedras e Membro da Assembleia Municipal