Torres Vedras

Rogério Abreu

01.04.2019

Fotografia do escultor Rogério Abreu a trabalhar numa obra

“Costumo dizer que ser escultor é o preço que eu pago por passar tanto tempo a fugir à pintura.” A arte plástica, sobretudo a pintura, sempre esteve presente na vida de Rogério Abreu. De tenra idade já a sua veia criativa se mostrava, tal como a sua hiperatividade, características que o marcam ao longo do seu percurso. Apesar do talento nato, a falta de perspetivas de futuro nessa área levaram o artista a optar por seguir Agronomia no ensino secundário.

A arte voltou, depois, a cruzar-se no caminho de Rogério Abreu, quando tinha 32 anos, com abertura da galeria Fábrica das Artes, em Torres Vedras, no ano de 1999. Espaço que começou a frequentar assiduamente e onde “ia matar o vício dos olhos”. Entre visitas a exposições e conversas com o dono da galeria, o artista acabou por mostrar alguns dos seus trabalhos e foi convidado para participar numa exposição coletiva.

As três obras que expôs foram suficientes para revelar o seu potencial, ao qual não ficou indiferente um galerista espanhol que o convidou para expor numa feira em Sevilha, com a condição de apresentar trabalhos onde predominasse a parte escultórica.

Foi com desembaraço que aceitou o desafio e começou a trabalhar nas obras para a exposição. Apesar de já ter usado técnicas mistas em alguns trabalhos, a escultura era uma vertente pouco desenvolvida pelo artista autodidata. Com pouco mais de dois meses para se preparar, recorda-se de pensar: “pego em aço inox que é a coisa mais rápida de trabalhar que tenho à mão e com um aparelho de soldar faço umas figuras”. “Figuras” essas que foram um sucesso, levando-o a ser convidado para outras exposições. O trabalho começou, a partir daí, a aumentar e cada vez havia menos tempo para conciliar a escultura com a profissão que tinha tido até então na construção civil.

Rogério Abreu descobriu-se enquanto escultor e, em 2002, decidiu dedicar-se em exclusivo a essa arte. As inseguranças que o impediram de seguir a sua paixão na adolescência foram-se esbatendo à medida que os anos iam passando e o seu ateliê continuava a prosperar. “Acabei por passar a crise, em que vi artistas fantásticos pararem, e eu ainda cá estou.”

Mármore, basalto, madeira, aço e ferro, são alguns dos materiais que utiliza nos seus trabalhos e com os quais desenvolve várias técnicas escultóricas, nomeadamente a talha em madeira e pedra, o ferro forjado e a cerâmica. É um artista que consegue dotar as várias matérias-primas de emoções e sensações, expressando-se de uma forma muito sensível dentro de uma linguagem contemporânea, criando obras de grande expressividade.

O escultor torriense tem sido convidado para muitas exposições em Portugal e no estrangeiro, salientando-se, entre várias cidades, Málaga, Sevilha, Victória e Paris. Conta ainda com várias obras de arte pública em Torres Vedras, designadamente os monumentos de homenagem às geminações da Cidade com Lagos, Villenave d'Ornon e Wellington, assim como em instituições e coleções particulares espalhadas pelos vários continentes.

Sem pressa para expor, “o objetivo é continuar a produzir, porque as peças fazem o seu caminho e vão encontrar o seu sítio.” Naquilo que é o seu trabalho, Rogério Abreu aprecia verdadeiramente o processo criativo. “O meu grande sonho é na realidade fazer o que eu mais gosto com a maior liberdade possível.”

Publicado: 11.04.2019 - 15:35 horas
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