São Martinho (de Tours) c. 316-397
01.11.2014
Filho de um oficial do exército romano, Martinho nasceu na cidade de Sabaria (Panónia, região da atual Hungria), por volta de 316. Aos 10 anos entrou para o grupo dos catecúmenos, preparando-se para o batismo, o que viria a receber provavelmente de Hilário, bispo da cidade de Pictavium (Poitiers). Aos 15 anos de idade, o pai alistou-o, contrariando a sua vontade, na cavalaria do exército romano, partindo para a Gália (França). Depois de alguns anos no exército, abandonou uma vida castrense para abraçar a vida cristã.
Quando ficou vaga a diocese de Tours, em 371, o povo aclamou-o bispo por unanimidade. Martinho aceitou, apesar de resistir no início, mantendo, porém, a sua peregrinação apostólica, visitando as paróquias, zelando pelo culto e continuando a conversão dos pagãos, ao mesmo tempo que exercia exemplarmente a caridade, fazendo com que a sua fama e influência se expandissem por toda a França.
Martinho exerceu o bispado por vinte e seis anos e, aos oitenta e um anos, o tempo que dedicou ao Cristianismo, estava na então cidade de Condate (atual Candes), quando se despediu do mundo, no dia 8 de Novembro de 397. Chegaria a Tours, para ser sepultado, no dia 11 de Novembro, fixando-se, neste dia, a festa em sua comemoração.
O seu culto começou logo após a sua morte. Em 444, foi elevado um pequeno templo em Tours para guardar a sua célebre capa, tendo-lhe sido chamado, pela presença da relíquia, capela. Desde então, a sua veneração ultrapassou as fronteiras da Gália, disseminando-se por todo o ocidente medieval e parte do Oriente.
Com a Implantação da República, foi permitido às Câmaras Municipais a instituição de um dia comemorativo do concelho, considerado feriado municipal. Em Torres Vedras, tal viria a acontecer somente depois do 25 de Abril, por proposta do vereador António Leal de Ascenção, tendo a opção recaído pelo dia de São Martinho.
A Assembleia Municipal, em reunião de 24 de Fevereiro de 1977, ratificou a proposta da Câmara Municipal com a opção do dia 11 de Novembro como feriado municipal, justificando-se a seleção pelo facto de esta ser tradicionalmente uma região produtora de vinho, pelo menos desde o século XIII, unindo-se Torres Vedras às Tours da antiga Gália.
Uma opção, certamente tão legítima como outras, que visava comemorar o papel proeminente do município na produção vitivinícola que, ontem como hoje, continua a ser fator identitário da ‘marca’ Torres Vedras, agora em torno de São Martinho, também patrono dos produtores de vinho que, ontem como hoje, no dia da sua festa, a festa do vinho, dão a provar o vinho novo, em gesto de partilha, em reconhecimento idêntico ao do Conselho Europeu que, em 2005, distinguiu Martinho personagem europeu, símbolo de partilha.
Carlos Guardado da Silva