Tania Ferrão
05.02.2024
Tania Ferrão nasceu em 1993 em Lausanne, na Suíça, mas, filha de pais portugueses, foi ainda em criança que veio morar para Portugal. Foi em criança que começou a desenhar, encorajada pela mãe, que primeiro lhe deu a conhecer materiais e técnicas. Licenciou-se em Arte Multimédia, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, especializando-se em animação e, posteriormente, em pintura, pela Escola de Pintura Duran Castaibert, em Torres Vedras. Enquanto estudante, procurava mais proximidade com a natureza em Lisboa, nas visitas que fazia aos jardins botânicos.
Para Tania, o seu trabalho traduz o desafio que é, no ritmo acelerado do quotidiano, reparar em pequenos detalhes e apreciar o que nos é oferecido pela natureza. A artista espera por isso, que quem observe o seu trabalho possa ir reparando progressivamente nos pormenores que, num primeiro olhar, passam despercebidos. Fascina-a a força que têm os detalhes e os labirintos que fazem as raízes e os ramos de uma árvore.
Inspirada pelos trabalhos de Lourenzo Mattoti, Simone Massi e Seung Mo Park, Tania sempre gostou de trabalhar a preto e branco e hoje é esse registo que usa para melhor destacar as ramificações das árvores e do mundo natural, que existem e se desenvolvem sem orientação humana. Apesar de retratar sobretudo árvores, a paisagem marítima poderá vir a ser mais trabalhada no futuro.
À técnica usada chama de raspagem, pois é um processo de subtração, através de um aparo metálico sobre o polipropileno. É a partir de uma superfície preta que vai acrescentando os espaços brancos para criar a imagem que pretende. Com trabalhos de diferentes dimensões, chega a dedicar-se exclusivamente a um quadro durante vários meses. Progressivamente, Tania vai procurado adaptar a técnica às suas necessidades, que vão mudando, e, por isso, esta também irá sofrer alterações.
Ao longo do seu percurso profissional, já teve a oportunidade de fazer parte de exposições coletivas, tais como Galerias Abertas, na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (2015 e 2016); Drawing Room, na Feira de Arte em Madrid (2019); e XVI Edição do Prémio de Pintura e Escultura de Sintra D. Fernando II, no MU.SA, Sintra (2021). Foi a partir de uma exposição na Galeria Arte Periférica, em Belém, e através do Museu do Oriente, que foi selecionada e convidada a fazer parte de numa exposição coletiva em Pequim, China, na International Cultural Expo (2017).
Em 2023, viu o seu trabalho exposto na Paços – Galeria Municipal de Torres Vedras. Diz que foi uma ótima experiência, porque se sentiu muito bem recebida, quer pela organização, quer pelo público. No âmbito da exposição, Tania realizou duas oficinas de desenho, para adultos e crianças, em que convidava os participantes a experimentar desenhar sobre acetato com diferentes ferramentas de raspagem.
Residente em Santa Cruz, Tania diz que tem de se expressar e que, em Torres Vedras, os espaços naturais que procura são mais fáceis de encontrar. Nomeia os trilhos do Vimeiro e dos Cucus como alguns que gosta de percorrer e que lhe servem de inspiração.