O Jardim da Liberdade

Neste ano de 2024 em que se celebram os 50 anos da revolução de abril, a Temporada Darcos apresenta um programa eclético, abrangente e variado, evocando um dos valores mais importantes que o espírito de abril nos legou: a liberdade. Liberdade em toda a sua dimensão humana, social e artística, liberdade que enriquece e aproxima, que é capaz de olhar a diferença como um valor positivo e não como um estigma negativo, redutor, empobrecedor.

Também na arte nos devemos guiar por valores plurais, buscar uma liberdade estética inclusiva, capaz de destruir barreiras, erradicar preconceitos e dizer não à proibição. Porque, afinal, isso nem sempre acontece… Vivemos ainda resquícios de uma normalidade imposta, de uma espécie de discurso estético oficial, de uma indiferença a certas ideias que não se enquadram, porque nascem da liberdade e não olham a normas nem a regras. Vivemos também cercados pela existência poderosamente maléfica desse monstro bizarro e invisível a que chamamos mercado, como se fosse um ser vivo e obedecesse a leis universais e imperscrutáveis, e que parece dominar as nossas vidas, ditar as nossas escolhas, definir a nossa felicidade… A natureza, por outro lado, parece gritar por clemência, revelando a violência destruidora que diariamente a sociedade contemporânea a sujeita, danificando o frágil equilíbrio dos ecossistemas a uma velocidade vertiginosa, sinal de uma ditadura capitalista que oprime o natural e coloca a humanidade numa situação de perigo extremo. A natureza, em todo o seu esplendor e perfeição, mater biológica e espiritual de todos os seres que a habitam, a cada dia que passa perde um pouco da sua liberdade, desesperando na mais negra das ditaduras: a da imposição forçada do seu próprio fim.

Por tudo isto, aproveitemos o embalo histórico desta celebração importantíssima, e a partir dela imaginemos um futuro onde o único limite seja a vontade, e não a opressão, onde o espírito criativo possa ir de encontro à enorme pluralidade dos nossos dias, sem se submeter à propaganda, nem aceitar imposições, sejam elas quais forem, e onde a arte possa comunicar livremente as aventuras deste maravilhoso e trágico lugar a que chamamos mundo. É nele que a vida humana subsiste por entre as mais incríveis e impensáveis peripécias! Aproveitemos esta celebração da liberdade, para imaginar o planeta Terra como… um jardim delicado, perfumado pela beleza e em equilíbrio cósmico, com o único propósito de existir em harmonia; mas também para imaginar tudo o que devemos e podemos fazer para o transformar, como se fossemos dedicados jardineiros. Salvar o planeta, erradicar a opressão e louvar a liberdade, eis a jardinagem para o nosso futuro.       

 Nuno Côrte-Real     

Direção Artística
Nuno Côrte-Real

Consultoria 
Afonso Miranda

Projetos Especiais 
Vanessa Pires / Artway

Textos
José Bruto da Costa

Produção Executiva
Bruna Moreira

Assistente de Produção
João Barrinha

Gestão de Apoios
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Relações Públicas e Assessoria de Imprensa
Débora Pereira

Contabilidade
Luís Silvestre

Imagem Gráfica
Olga Moreira, A Partir de Pintura de Xavier Loureda

Comunicação e Imagem 

Câmara Municipal de Torres Vedras