Torres Vedras

Estudo sobre a Censura a partir do caso do Badaladas deu origem a iniciativas municipais

07.05.2025

Imagem da inauguração da exposição

O estudo da Censura em Portugal durante o Estado Novo, a partir do caso do jornal torriense Badaladas, efetuado pelo investigador e professor universitário Álvaro Costa de Matos (HTC – CFE – NOVA – FCSH), deu origem a três iniciativas do Município integradas no programa que tem estado a levar a cabo para comemorar a “Revolução dos Cravos”.

Uma dessas iniciativas é a exposição documental Censura e Opinião Pública no Estado Novo: o caso do Badaladas (1948-1974), a qual foi inaugurada no passado dia 30 de abril na Biblioteca Municipal; outra é a conferência “Censura e Opinião Pública no Estado Novo – Aproximação ao problema a partir do Badaladas (1948-1974)”, a qual aconteceu ao final da tarde do passado dia 3 de maio, também na Biblioteca Municipal, proferida pelo referido historiador; e outra ainda é uma oficina denominada “Imprensa, Censura e Opinião Pública em Portugal (1948-1974)”, que se realizará no próximo dia 14 de maio (Dia Mundial da Liberdade de Imprensa), pelas 16h00, igualmente na Biblioteca Municipal e também dinamizada por Álvaro Costa de Matos, a qual partirá de uma visita-guiada à referida exposição e da “leitura” de fontes primárias das práticas censóricas sobre o Badaladas, para posteriormente se discutir a política de informação do Estado Novo.

A investigação que deu origem a estas iniciativas tem a sua génese na preparação de uma conferência que se realizou no âmbito das comemorações do 75.º aniversário do Badaladas, a qual levou Álvaro Costa de Matos aos arquivos deste periódico, onde se deparou com fontes históricas inéditas, as quais constam na exposição Censura e Opinião Pública no Estado Novo: o caso do Badaladas (1948-1974). Esta mostra é igualmente constituída por painéis explicativos, os quais se dividem em cinco núcleos temáticos: Legislação…; Repressão…; Autocensura; “Construção”; e “Desobediência Civil”.

Na inauguração da exposição, Álvaro Costa de Matos referiu que a política de informação do Estado Novo foi um pilar fundamental deste regime político, a qual explica a durabilidade do mesmo, sendo que essa política tinha duas vertentes que se complementavam: uma repressiva, no sentido de evitar a publicação de notícias, informações ou artigos de opinião que pudessem perturbar a ordem política e social; e uma “construtiva”, orientada para a tentativa de formar um “bloco de opinião nacional” favorável ao regime vigente. Para este último desiderato, o Secretariado Nacional de Informação enviava artigos para os jornais locais e regionais que tinham de ser publicados por obrigatoriedade legal, o que, no caso do Badaladas, não aconteceu por diversas vezes, segundo Álvaro Costa de Matos. De resto, por esta razão, e por outras, como por ter dado espaço ao debate de temáticas polémicas, o que não acontecia nos jornais de âmbito nacional, o Badaladas conseguiu durante o Estado Novo manter uma imagem de pluralismo e abertura, não obstante ter tido práticas de autocensura, explicou também o investigador e curador da exposição.

Na inauguração de Censura e Opinião Pública no Estado Novo: o caso do Badaladas (1948-1974) marcou igualmente presença a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Torres Vedras, Ana Umbelino, que na ocasião enquadrou a mostra num conjunto de outras de caráter municipal que estão atualmente patentes e que pretendem levar a população a compreender o que foi a Revolução de 25 de Abril de 1974 e o regime político que foi extinto com esse histórico acontecimento. Ainda segundo Ana Umbelino, a exposição permite, por um lado, identificar estratégias ainda hoje utilizadas para moldar a opinião pública, e por outro, aprofundar o conhecimento sobre a história do jornal Badaladas, uma instituição que tem desempenhado um papel de relevo no seio da comunidade torriense.

Censura e Opinião Pública no Estado Novo: o caso do Badaladas (1948-1974) é uma mostra que conta com a parceria institucional não apenas deste jornal, mas também da Hemeroteca Municipal de Lisboa, e que pode ser visitada até ao próximo dia 20 de maio.

Publicado: 07.05.2025 - 14:52 horas
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