João Dias
09.04.2025

João Dias é um piloto de carros que tem vindo a fazer o seu caminho em competições nacionais e internacionais, como no desafiante Rali Dakar. Para equilibrar a vida profissional com as exigências do rali, João inclui na sua rotina treinos, preparação física e a consistência de um forte espírito de dedicação.
João Dias partilha que o Dakar é uma prova repleta de desafios e imprevistos. O percurso só é revelado uns minutos antes da partida, garantindo que todos os pilotos começam em pé de igualdade. “Antes de começar a corrida, passem os anos que passarem, sente-se sempre um nervoso miudinho, que passa depois dos primeiros quilómetros”. Durante a competição, a concentração é total: não se pensa em mais nada além do caminho a seguir. O seu navegador, Gonçalo Reis, acompanha-o em prova, sendo responsável por delinear a rota. Para João, não haveria escolha melhor de companheiro para enfrentar as adversidades do deserto, mas é toda a equipa, de oito pessoas, que desempenha um papel crucial no sucesso da corrida.
Os riscos são constantes. Os telemóveis estão selados e usá-los implica a desclassificação automática da equipa. Durante o percurso, os pilotos só contam com um telefone satélite para situações de emergência e os helicópteros que sobrevoam a prova são um lembrete da periculosidade do desafio. A hipotermia, a desidratação e os animais do deserto, como escorpiões, são ameaças reais. Apesar da intensa competitividade nos campeonatos nacionais, no Dakar prevalece o espírito de solidariedade. Os maiores rivais em Portugal tornam-se os primeiros a oferecer ajuda, como já testemunhou João em primeira mão, nesta que é a mais longa prova de rali do mundo.
João esclarece que há um mito comum sobre o Dakar: muitos acreditam que a prova se desenrola apenas na areia, mas, na realidade, as icónicas dunas representam apenas uma pequena fração do trajeto. “O deserto não é areia. O deserto é pedra!”
Não é supersticioso, mas tem rituais pessoais: antes de cada corrida faz uma oração e, no final, agradece. Certifica-se também de que a buzina do carro não falha, porque sempre que sai da box, faz questão de apitar para agradecer aos mecânicos.
Desde cedo, o incentivo do pai foi determinante na trajetória de João Dias. Apaixonado por desportos motorizados, o pai sempre o apoiou, embora o tenha proibido de competir em motas.
Para os jovens que sonham em ingressar nos desportos motorizados, João deixa um conselho: "Lutem! Lutem muito!". Com determinação, resiliência e uma grande paixão, João Dias continua a desafiar os limites e a provar que é possível.