Agenda
Requiem à memória de Camões
Temporada Darcos 2025
26 de setembro de 2025 | sexta
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21h00
Local: Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa
Esta atividade integra o(s) programa Temporada Darcos 2025
Figura singular da história da música em Portugal, pianista, compositor e pedagogo, João Domingos Bomtempo (1771-1842) era filho do italiano Francisco Xavier Bomtempo, oboísta da Real Câmara e mestre do Seminário da Patriarcal.
Notabilizou-se em Paris e Londres, entre 1804 e 1820, como virtuoso do piano e compositor. Com o advento do Liberalismo, regressou a Lisboa, sendo alçado à condição de compositor do regime e nomeado, em 1835, como o 1.º diretor da Escola de Música do recém-criado Conservatório Geral de Arte Dramática.
O Requiem em Dó menor, op. 23, “À Memória de Camões” começou a ser escrito em Lisboa, em 1817, sendo concluído em Paris, no ano seguinte, havendo notícia de uma 1.ª audição privada. A estreia pública chegaria em junho (ou julho) de 1819, em Londres, sendo editado pela casa August Leduc em 1820.
A dedicatória, como Bomtempo confessa, em 1819, a um correspondente anónimo de Londres “à memória de Camões que, espero, me seja mais produtiva que tantas obras dedicadas a homens ainda vivos, os quais, até ao presente, não me foram de grande utilidade”, terá surgido no âmbito da revalorização do poeta, iniciada com a edição monumental d’Os Lusíadas (1817), em Paris, promovida pelo 5.º Morgado de Mateus (1758-1825).
A 1.ª execução do Requiem em Portugal teve lugar na igreja de São Domingos, em Lisboa, a 18 de outubro de 1821, no sufrágio do general Freire de Andrade (1757-1817), mártir da Pátria e, no ano seguinte, a 20 de março de 1822, por ocasião da trasladação do corpo da rainha Dona Maria I (1734-1816), do Rio de Janeiro para a basílica da Estrela.
Construído a partir da riqueza dramática e contemplativa dos textos, plasmando-os retoricamente no discurso musical, o Requiem em Dó menor, op. 23, “À Memória de Camões” é uma das obras mais impressivas alguma vez escrita, por um compositor português.
Consentâneo com as linguagens musicais então em voga, tendo como evidentes referenciais os compositores ativos em Paris daqueles anos, Gossec (1734-1829), Cherubini (1760-1842), Le Sueur (1760-1837) e Méhul (1763-1817), o Requiem representa um corte com o idioma sacro romano-napolitano, ainda cultivado em Portugal, em meados do século XIX.
Como diz, de forma lapidar, Rui Vieira Nery, o Requiem de Bomtempo ficará como “um marco isolado” da música portuguesa do séc. XIX e “paradoxalmente, como uma Missa de Defuntos pelo seu próprio projeto estético”, que a sociedade portuguesa foi incapaz de sustentar.
Programa
D. Bomtempo (1775 – 1842)
Requiem em Dó menor, op. 23, “À Memória de Camões”
I. Requiem aeternam. Kyrie
Sequence:
II. Dies irae
III. Tuba mirum
IV. Rex tremendae
V. Recordare
VI. Confutatis
VII. Lacrimosa
Offertorium:
VIII. Domine Jesu Christe
IX. Hostias et preces
X. Sanctus
XI. Benedictus
XII. Agnus Dei. Cum sanctus tuis
XIII. Requiem aeternam
Cecília Rodrigues soprano
Claudia Ribas contralto
Bruno Almeida tenor
Tiago Amado Gomes baixo
Nuno Côrte-Real direção musical
CORO DO TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS
ORQUESTRA SINFÓNICA PORTUGUESA
Co-produção: Teatro-Nacional de São Carlos, Temporada Darcos e Universidade de Lisboa no quinto centenário do nascimento do poeta
Organização: Câmara Municipal de Torres Vedras, Teatro-Cine de Torres Vedras e Darcos - Associação Cultural
Atividade Gratuita