Agenda
Lagarto Pintado
Cancioneiro tradicional infantil português com história de Sílvia Abreu
Até 3 de junho
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16h00
Evento já ocorrido
Local: Museu do Dinheiro, Lisboa
Dos versos de Luís Vaz de Camões (c.1524 - c.1580) ao cancioneiro tradicional do universo infantil português parace vislumbrar-se um fosso intransponível. De um lado, a erudição clássica do poeta, mergulhado na melancolia do seu triste fado. Do outro, singelas rimas populares. Mas se em cada criança há um poeta, todos os poetas foram crianças. E nesta dupla evocação erradica um dos traços mais recorrentes da condição humana, o assomo da inocência infantil perante o difícil balanço do que se fez e ficou por fazer.
Resultado de uma encomenda do Trio Pangeia a Alexandre Felgado (n.1965), o Trio Camoniano viria a ser estreado na Casa da Música, Porto, a 27 de fevereiro de 2018. O título da obra advém de cada andamento ter como subtítulo um dolente verso de Camões: 1º Com que voz chorarei meu triste fado; 2º Erros meus, má fortuna, amor ardente; 3º Memória do meu bem cortado em flores.
Composto em 2015 por Nuno Côrte-Real (n.1971), o Cancioneiro Infantil Lagarto Pintado, op. 48, assume-se como uma viagem pelo imaginário musical de muitos dos ouvintes, uma pequena fábula que deriva, qual mote, dos textos das diversas melodias convocadas.
Numa sucessão luxuriante de ambiente musicais elegantemente entrelaçados, surge o ostinato gaiteiro de A Caminho de Viseu vagamente barroco, e os motivos ondulante de Que linda falua acenam à memória do idílico trio mozartiano Soave sia il vento. Pressentem-se ecos do lirismo schubertiano, particularmente nas introduções de Josezito, Ó Oliveira da Serra e Machadinha, ao que se bvem juntar a inspirada Abertura-Final.
A dar vida a esta obra, com concepção cénica de Catarina Rolo Salgueiro e implementação do projeto de Diana Vaz, encontraremos o Coro Infantil da Universidade de Lisboa. Fundado em 2005 por Erica Mandillo, tem sido reconhecido, internacionalmente, pela qualidade e originalidade do trabalho que desenvolve, associando o movimento e o gesto teatral a uma vocalidade impoluta.
Vários compositores
A. Delgado (n. 1965)
Trio Camoniano
N. Côrte- Real (n. 1971)
Cancioneiro Infantil "Lagarto Pintado", op. 48
Interpretação: Diana Vaz
Conceção cénica: Catarina Rôlo Salgueiro
Maestrina do coro: Erica Madillo
Direção musical: Nuno Côrte-Real
Coro Preparatório do CIUL
Ensemble Darcos
Atividade Gratuita
Integrado em Temporada Darcos 2023. Outras datas:
- Folias 30 de setembro de 2023 | sábado Teatro-Cine de Torres Vedras
- Folias 1 de outubro de 2023 | domingo | CCC, Caldas da Rainha
- Europa Sinfónica Orquestra da Toscana 7 de outubro de 2023 | sábado | Sala Festa Manifattura Tabacchi, Florença (Itália)
- Europa Sinfónica Orquestra da Toscana 12 de outubro de 2023 | quinta Teatro-Cine de Torres Vedras
- Europa Sinfónica Orquestra da Toscana 13 de outubro de 2023 | sexta | Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa
- Arte sem limites 21 a 22 de outubro 2023 | Espaço Darcos, Torres Vedras
- Sérgio Carolino & Ensemble Darcos 17 de novembro de 2023 | sexta Centro de Artes e Criatividade de Torres Vedras
- Sérgio Carolino & Ensemble Darcos 18 de novembro de 2023 | sábado | Anfiteatro Chimico, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Lisboa
- Nas asas do indefinido 8 de dezembro de 2023 | sexta Teatro-Cine de Torres Vedras
- Nas asas do indefinido 9 de dezembro de 2023 | sábado | Cine-teatro de Alcobaça
- 24 Estudos para Guitarra Portuguesa 16 de dezembro de 2023 | sábado | Espaço Darcos, Av. Tenente Valadim, 10B, Torres Vedras
"Nesta nova edição da Temporada Darcos, propomo-nos seguir a linha que tem norteado as temporadas anteriores: grande música, grandes intérpretes, mas procurando sempre pontos de contacto entre diferentes tradições, privilegiando o ecletismo e a inclusão. Por isso, desta vez escolhemos o lema da união pela música. Num mundo ainda muito desunido, dividido pelas políticas, pelas religiões, pelas desigualdades e pelos abomináveis racismos, cabe à arte proclamar bem alto que o único futuro sustentável é o da união.
A união pela paz, pelo amor, pelo planeta e pela liberdade. A união dos povos. Nós e os outros, duas realidades diferentes, mas na utopia que desejamos para o mundo as diferenças esbatem-se e convergem numa única realidade. É com esta convicção que a Temporada Darcos apresenta o seu projeto de fusão entre o fado e a música tradicional afegã, através da colaboração entre o Ensemble Darcos e o ANIMP (Afghan National Institute of Music), com o fadista Marco Oliveira e o guitarrista Miguel Amaral. Segundo o mentor e diretor do ANIMP, Dr. Ahmad Sarmast, dezenas de jovens estudantes afegãos fugiram ao terrível regime Talibã, viajando 6.592 quilóme-tros para poderem ter um futuro, e para que a música tradicional afegã pudesse sobreviver. Parece-nos triste e paradoxal que uma tradição milenar necessite do exílio para garantir a sua existência e preservação…
Também sob a égide da união, e visando criar pontes culturais de índole humanista, o mais ambicioso projeto da Temporada Darcos, Europa Sinfónica, será finalmente retomado (em suspenso desde 2020 devido aos anos de pandemia), com a primeira visita a Portugal da Orquestra da Ópera Estatal da Hungria, um dos mais antigos e prestigiados agrupamentos musicais europeus, e com a Orquestra da Toscana, instituição capital daquela região italiana, com sede em Florença. Estes dois programas terão como solistas os aclamados artistas portugueses António Rosado e Eduarda Melo. O ano de 2023 verá ainda nascer o projeto Folias, terceiro livro da série para coro e instrumentos, Novíssimo Cancioneiro, de Nuno Côrte-Real, desta vez inteiramente dedicado às danças portuguesas, reper-tório rico e variado que é mister revitalizar com vista a uma maior presença artística no panorama contemporâneo.
De destacar, por último, a estreia do projeto de fusão estética entre o jazz e o clássico, Nas asas do indefinido, com o Ensemble Darcos e a internacional cantora portuguesa Maria Mendes, procurando caminhos de fusão e desco-berta entre aqueles dois mundos distintos. Podíamos projetar neste último projeto musical, como exercício para as nossas próprias vidas, o caminho que a humanidade parece cada vez mais estar a necessitar: tomar o oposto, o contrário, o aparentemente inconciliável, e conciliá-los; entender as diferenças, aceitar as distinções, compreender as essências, e num desejo sincero de harmonia, conceber um horizonte onde a natureza varia do Homem possa existir pacificamente e sem mácula. Utopia, nunca te esqueceremos!" Nuno Côrte-Real
“A cultura é o grande observatório do humano” José Tolentino Mendonça (2021)
Na sua 16ª edição, a Temporada Darcos propõe um programa artístico que elege “A união pela música” como impulso e horizonte. Longe de constituir um cliché semanticamente esvaziado pela repetição, a afirmação prefigura um manifesto pelo direito a construir uma nova narrativa do futuro.
A Temporada Darcos enraíza-se num movimento cultural agregador de matriz cosmopolita que promove o encontro entre “diversidades”, aprofundando o diálogo, a cooperação e a participação cidadã. Repousa na profunda convicção de que as Artes e a Cultura – conceito poliédrico – devem assumir um papel central e não ornamental no âmago de qualquer projeto de desenvolvimento territorial. Ao longo da sua trajetória, um sistema capilarizado de relações tem sido delicadamente tecido, dirimindo distâncias entre instituições, coletivos artísticos e comunidades.
Na sua dimensão processual, a Temporada Darcos concorre para a edificação de uma ecologia de práticas colaborativas que, assentes na mutualização de experiências, conhecimentos e competências, aportam inovação e abrem caminho a diálogos fecundos materializados em projetos comuns.
Enquanto movimento fortemente comprometido com a educação, inequívoca alavanca de transformação, a Temporada Darcos tem contribuído para salvaguardar a acessibilidade a um patri-mónio artístico em permanente (re) criação e avigorar a literacia musical de uma “vasta maioria”.
A música, na sua pluralidade de expressões, é um universal de cultura, uma linguagem de convergência que nos projeta num espaço identitário partilhado. Em tempos marcados pelo desencanto, incerteza, fragmentação, dissolução e insularidade, a música, mais do que uma experiência salvática, hiperbolicamente escapista, ou de estrita e efémera fruição estética, oferece a possibilidade de pensar novas formas de habitar o mundo, de ousar outras vidas em comum." Ana Umbelino
Direção artística
Nuno Côrte-Real
Consultoria
Afonso Miranda
Projetos especiais
Vanessa Pires / Artway
Textos
José Bruto da Costa
Produção executiva
Bruna Moreira
Assistente de produção
João Barrinha
Gestão de apoios
Jorge Reis
Relações públicas e assessoria de imprensa
Débora Pereira
Contabilidade
Luís Silvestre
Imagem gráfica
Olga Moreira a partir de fotografias de Jorge Carmona
Comunicação e imagem
Câmara Municipal de Torres Vedras