Torres Vedras

Agenda

Camões na eternidade do tempo

Temporada Darcos 2025

9 de maio de 2025 | sexta | 21h00

Música Ana Quintans

Local: Pavilhão de Portugal, Lisboa

Esta atividade integra o(s) programa Temporada Darcos 2025

Junto à entrada do Refeitório do Claustro do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, existe um relevo pétreo retratando Cristo atado a uma coluna. Daí, surgiu o mote para a encomenda que a direção do Monumento Nacional fez a Nuno Côrte-Real (1971), para celebrar o V Centenário do nascimento de Luís Vaz de Camões (1524-1580), que aí repousa, pelo menos em espírito, num cenográfico túmulo diante de outro, o de Vasco da Gama (1469-1524).

Em Se misericórdia e amor não vos atara, Côrte-Real recupera o soneto homónimo, primeiro recitado, depois cantado, envolto num panejamento musical a seu tempo onírico, apaixonado, tenso, abrupto, pulsante e discordante, num jogo tímbrico de grande lirismo.
Time Stands Still resulta de uma encomenda do Centro Cultural de Belém para o Festival “Dias da Música”, em 2019, aí tendo estreado, a 27 de abril. Sete canções do compositor renascentista inglês John Dowland, falecido em 1626, são intercaladas com outros tantos interlúdios instrumentais de Nuno Côrte-Real, dedicados a amizades do seu universo pessoal.
Como então afirmou “apesar de já estarmos longe desse período da História, há, porém, uma certa melancolia nas entrelinhas do nosso tempo que tornam estas canções vivíssimas”.

A sobriedade de Dowland resplandece em cada canção, contrastantes entre si, ora melancólicas ora animadas, mas sempre expressivas, baseando-se nas duas danças então em voga, a pavana (lenta) e a galharda.
Os interlúdios revelam a pluralidade de Côrte-Real, a inspirada aproximação a universos musicais distintos, numa saborosa simbiose, informal e descomplexada.
Da pureza cristalina da música de John Dowland, Nuno Côrte-Real reflexiona e reflete. Não imita, não distorce. A imagem de um espelho duplo, em que Dowland se vê enclausurado nuns modernos jeans e Côrte-Real num imponente rufo branco plissado, um olhar contemporâneo sobre o antigo.

Mas, não se confunda contemporaneidade com modernidade. Ambos autores são modernos, cada um circunscrito a uma contemporaneidade do tempo histórico que habitam. São ambos musicus poeticus na sua mundividência, na sua evasão da realidade, procurando o infinito, o gesto teatral, volvendo numa espiral de tensões e distensões, numa magnificência singelamente natural, sem subterfúgios supérfluos. Como nos diz Afonso Miranda, “a obra conclui com uma meditação sobre o mistério do tempo, a imobilidade da mudança, a eternidade”. O Tempo está parado.

N. Côrte-Real (n.1971)
Se misericórdia e amor não vos atara
Poema inédito de Luís de Camões, descoberto por Nuno Júdice

J. Dowland (1563 – 1626) / Nuno Côrte-Real (n.1971)
Time Stands Still

I. Mr. Sérgio Azevedo’s Prelude
II. “Come again! sweet Love doth now invite”
III. Mr. António Pinho Vargas Pavan
IV. “Flow, my tears”
V. Mr. Artur Ribeiro’s Air
VI. “Awake, sweet love”
VII. Mr. Mats Lidstrom his Fantasia
VIII. “I saw my lady weep”
IX. Sir Christopher Bochmann his atonal transition
X. “Shall I sue” XI. Mr. Eurico Carrapatoso’s Fugue
XII. “Weep you no more, sad fountains”
XIII. Lady Maria João’s Improvisation
XIV. “Time stands still”
XV. ”I Know not what tomorrow will bring” (Fernando Pessoa’s last written words on the day of his death)

 

Ana Quintans soprano

Vítor D’Andrade declamação

Nuno Côrte-Real direção musical

ENSEMBLE DARCOS

Co-produção: Temporada Darcos e Universidade de Lisboa no quinto centenário do nascimento do poeta

Organização: Câmara Municipal de Torres Vedras, Teatro-Cine de Torres Vedras e Darcos -  Associação Cultural 


Atividade Gratuita


Última atualização: 21.02.2025 - 12:35 horas
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