Agenda
A insustentável leveza do Cante
Temporada Darcos 2025
3 de julho de 2025 | quinta
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20h00
Local: São Luiz Teatro Municipal, sala Luís Miguel Cintra
Destinatários: M/6
Esta atividade integra o(s) programa Temporada Darcos 2025
Para celebrar os 10 anos da elevação do Cante alentejano a Património Cultural e Imaterial da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), decorre no dia 3 de julho, às 20h00, na sala Luís Miguel Cintra (1949) do Teatro São Luiz, em parceria com a Câmara Municipal de Serpa e o Museu do Cante de Serpa, o concerto A insustentável leveza do Cante, com direção musical de Nuno Côrte-Real.
O Cante alentejano foi declarado Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a 27 de novembro de 2014.
Como definido na candidatura então apresentada, o “(can)to da (te)rra”, é um canto coletivo, polifónico, em compasso lento, quase sempre melancólico, sem recurso a instrumentos e que incorpora música e poesia, associado geograficamente ao Baixo Alentejo, retratando a “ligação umbilical do trabalhador com a terra-mãe”.
Ou inteiramente masculino ou feminino, o Cante tem como estrutura musical duas vozes solistas, o ponto e o alto, alternando com um coro, em estrofes repetidas num ciclo, o número de vezes que os cantores desejarem.
É a expressão de um povo, tradição vernacular única, refletindo a identidade e a história de uma comunidade e de uma região.
Este elo identitário é assumido por Eurico Carrapatoso (1962) e na sua obra Llaços, contradanças e descantes (2016), encomenda do Quarteto de Cordas de Matosinhos, que o estreou na Casa da Música, no Porto, a 21 novembro de 2017. A propósito, diz-nos o compositor que “durante toda a minha vida iria honrar, com a minha música, as minhas origens, a minha memória, a minha identidade, os laços do meu afeto, e que levaria bem longe o orgulho de ser quem sou, por ter nascido onde nasci”.
Dedicado a Maria Pinto Cortez e ao seu Cancioneiro de Serpa (1994), recolha etnográfica incontornável, feito ao longo de uma vida, e profusamente ilustrado pela autora, o Livro Segundo, op.57, do Novíssimo Cancioneiro de Nuno Côrte-Real (1971) resulta, também ele, da recolha etnográfica na cidade de Serpa, por parte do compositor que, fruto de uma circunstância familiar ocasional, aí passou a sua infância.
Discursos musicais externos multiplicam-se, enquanto roupagem que parecem desviar o Cante da sua identidade e autenticidade. Mas ao contrário do que parece, não desviam nem se sobrepõem. Ao invés da transparência da música de Côrte-Real, deparamo-nos com uma opacidade incaraterística, qual partitura caiada, emulando o branco do casario.
Pressente-se neste Livro Segundo uma rudeza propositada, um canto percussivo e penetrante, que ecoa na serenidade lírica da planície alentejana. É a rudeza dos árduos dias de trabalho, de uma existência de miséria, uma pobreza compassada e dilacerante, que tinha no Cante e na sua poesia, uma expressão e um escape.
Programa
E. Carrapatoso (n. 1962)
Llaços, contradanças e descantes
N. Côrte-Real (n. 1971)
Cante (Novíssimo Cancioneiro - Livro Segundo)
I. Ó Serpa, pois tu não ouves?
II. Menina que estás à janela
III. Estrelinha do Norte
IV. Vou-me embora, vou partir
V. Alentejo, que és nossa terra (instrumental)
VI. Lindo ramo verde escuro
VII. O Lírio roxo
VIII. Serpa que és minha terra
IX. O Alecrim (instrumental)
X. Ó rama, ó que linda rama
XI. Os olhos da Marianita
XII. Adeus, ó vila de Serpa
Nuno Côrte-Real direção musical
Pedro Teixeira maestro do Coro
CORO RICERCARE
ENSEMBLE DARCOS
Organização: Câmara Municipal de Torres Vedras, Teatro-Cine de Torres Vedras e Darcos - Associação Cultural
Parceria: Festival Estorial Lisboa, Câmara Municipal de Serpa e Museu do Cante de Serpa
Preço: Bilhetes à venda nos locais habituais