Torres Vedras

Agenda

A insustentável leveza do Cante

Temporada Darcos 2025

4 de julho de 2025 | sexta | 21h30

Música

Local: Adega de São Mamede da Ventosa, Torres Vedras

Esta atividade integra o(s) programa Temporada Darcos 2025

Para celebrar os 10 anos da elevação do Cante alentejano a Património Cultural e Imaterial da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), decorre no dia 4 de julho, às 21h30, na Adega de São Mamede da Ventosa, Torres Vedras, o concerto A insustentável leveza do Cante, com direção musical de Nuno Côrte-Real.

O Cante alentejano foi declarado Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a 27 de novembro de 2014.
Como definido na candidatura então apresentada, o “(can)to da (te)rra”, é um canto coletivo, polifónico, em compasso lento, quase sempre melancólico, sem recurso a instrumentos e que incorpora música e poesia, associado geograficamente ao Baixo Alentejo, retratando a “ligação umbilical do trabalhador com a terra-mãe”.
Ou inteiramente masculino ou feminino, o Cante tem como estrutura musical duas vozes solistas, o ponto e o alto, alternando com um coro, em estrofes repetidas num ciclo, o número de vezes que os cantores desejarem.
É a expressão de um povo, tradição vernacular única, refletindo a identidade e a história de uma comunidade e de uma região.

Este elo identitário é assumido por Eurico Carrapatoso (1962) e na sua obra Llaçoscontradanças e descantes (2016), encomenda do Quarteto de Cordas de Matosinhos, que o estreou na Casa da Música, no Porto, a 21 novembro de 2017. A propósito, diz-nos o compositor que “durante toda a minha vida iria honrar, com a minha música, as minhas origens, a minha memória, a minha identidade, os laços do meu afeto, e que levaria bem longe o orgulho de ser quem sou, por ter nascido onde nasci”.

Dedicado a Maria Pinto Cortez e ao seu Cancioneiro de Serpa (1994), recolha etnográfica incontornável, feito ao longo de uma vida, e profusamente ilustrado pela autora, o Livro Segundo, op.57, do Novíssimo Cancioneiro de Nuno Côrte-Real (1971) resulta, também ele, da recolha etnográfica na cidade de Serpa, por parte do compositor que, fruto de uma circunstância familiar ocasional, aí passou a sua infância.

Discursos musicais externos multiplicam-se, enquanto roupagem que parecem desviar o Cante da sua identidade e autenticidade. Mas ao contrário do que parece, não desviam nem se sobrepõem. Ao invés da transparência da música de Côrte-Real, deparamo-nos com uma opacidade incaraterística, qual partitura caiada, emulando o branco do casario.
Pressente-se neste Livro Segundo uma rudeza propositada, um canto percussivo e penetrante, que ecoa na serenidade lírica da planície alentejana. É a rudeza dos árduos dias de trabalho, de uma existência de miséria, uma pobreza compassada e dilacerante, que tinha no Cante e na sua poesia, uma expressão e um escape.

Programa

E. Carrapatoso (n. 1962)
Llaços, contradanças e descantes

N. Côrte-Real (n. 1971)
Cante (Novíssimo Cancioneiro - Livro Segundo)
I. Ó Serpa, pois tu não ouves?
II. Menina que estás à janela
III. Estrelinha do Norte
IV. Vou-me embora, vou partir
V. Alentejo, que és nossa terra (instrumental)
VI. Lindo ramo verde escuro
VII. O Lírio roxo
VIII. Serpa que és minha terra
IX. O Alecrim (instrumental)
X. Ó rama, ó que linda rama
XI. Os olhos da Marianita
XII. Adeus, ó vila de Serpa

 

Nuno Côrte-Real direção musical

Pedro Teixeira maestro do Coro

CORO RICERCARE

ENSEMBLE DARCOS

Organização: Câmara Municipal de Torres Vedras, Teatro-Cine de Torres Vedras e Darcos -  Associação Cultural 

Atividade Gratuita


Publicado: 20.02.2025 - 16:43 horas
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